A duração do namoro está muitas vezes associada a ideias preconcebidas. Por exemplo, quantas vezes não ouvimos dizer que alguns casais “namoraram durante anos e, pouco tempo depois de casarem, separaram-se”, enquanto outros, “namoraram meia dúzia de meses e estão juntos há décadas”?
De facto, esses casos existem, mas isso não significa que constituam a regra. De um modo geral, os namoros demasiado curtos e os namoros demasiado longos acarretam alguns riscos, que não devem ser menosprezados.
Costumo utilizar a metáfora da Fórmula 1 para abordar as dificuldades por que passam os casais que optam por casar ao fim de pouco tempo. Imaginem o que aconteceria se qualquer um de nós, independentemente de ter carta de condução ou não, se sentasse ao volante de um carro Fórmula 1, colocado na grelha de partida, sem treinos, nem volta de aquecimento. O mais provável é que nos “espetássemos” na primeira curva (ou na primeira recta). Do mesmo modo, os casais que decidem saltar etapas, desvalorizando a importância do namoro, arriscam-se a pagar uma factura demasiado alta.
O namoro é propício à aprendizagem, e esta advém, também, dos erros cometidos. Como todos sabem, é mais fácil lidar com as primeiras discussões quando há a oportunidade de cada um dos membros do casal ir para a sua própria casa e, aí, arrefecer a cabeça. Se estes primeiros erros ocorrerem depois do casamento, a idealização dá rapidamente lugar a sentimentos de frustração.
Por outro lado, é sabido que no início das relações tendemos a sobrevalorizar as qualidades da pessoa amada e a escamotear os seus defeitos. Ao longo do namoro temos tempo e espaço para nos confrontarmos com esses defeitos, aprender a viver com eles e negociar cedências. Se optarmos por ignorar estes “treinos”, sentiremos mais dificuldades de adaptação na vida a dois e passaremos a achar que a pessoa com quem casámos mudou de personalidade.
Os namoros demasiado longos não são maus por si só. Mas, então, por que é que tantos casais se separam ao fim de pouquíssimo tempo de casados, tendo havido namoros duradouros? Nestes casos o que acontece é que o casamento não é tanto um projecto/ sonho vivido a dois, mas uma cartada utilizada para salvar uma relação estagnada.
Assim, os casais que namoram há muito tempo só são “casais em risco” se não houver a construção de um projecto de vida a dois (que até pode não incluir o casamento, enquanto acto oficial).
Vale a pena questionar até que ponto é que a misogamia (aversão ao casamento) de um ou dos dois membros do casal não é mais do que falta de amor.