Tenho colaborado com a imprensa praticamente desde o início da minha actividade profissional. Já fui, por isso, confrontada com as mais diversas questões. Mas, se tivesse que elaborar uma espécie de lista de FAQ (Frequently Asked Questions), as questões relacionadas com a sexualidade apareceriam no topo. Destas, as mais frequentes implicam a desmistificação de alguns tabus.
Assim, já perdi a conta ao número de vezes que me questionaram acerca das vantagens das fantasias sexuais.
A primeira “regra” que costumo enunciar diz respeito à importância da partilha e do conhecimento mútuo. Tal como acontece noutras áreas da conjugalidade, quanto maior for o conhecimento entre os membros do casal, melhor será a sua comunicação do ponto de vista da sexualidade. É saudável que os membros do casal se sintam disponíveis para partilhar um com o outro as respectivas fantasias sexuais.
Mas isto não significa que a partir dessa partilha todas as fantasias se concretizarão. É importante interiorizar que nem todas as fantasias são concretizáveis, o que nos conduz à segunda “regra”: as fantasias não devem ser impostas ao cônjuge a qualquer preço.
Pessoas diferentes têm necessidades e constrangimentos diferentes. Se a fantasia de um dos membros do casal implicar um sério desconforto (ou até sofrimento) para o outro, esse constrangimento deve ser respeitado. Afinal, o prazer do cônjuge é importante para que o próprio se sinta satisfeito.
Quanto mais o casal for capaz de expor as suas necessidades, os constrangimentos educacionais, e o mal-estar resultante de experiências traumáticas, menor será a probabilidade de existirem equívocos ou frustrações. Deste diálogo franco podem surgir “acordos” interessantes para ambos. Por exemplo, perante a impossibilidade de uma das fantasias expostas ser concretizada, o casal pode optar por pesquisar na Internet (a dois) novas formas de introduzir adrenalina à sua relação.
Estas “regras” aplicam-se tanto à utilização de objectos (adquiríveis em sex-shops) quanto à concretização de fantasias em espaços públicos. Os casais felizes não menosprezam a importância da inovação e da criatividade na sua sexualidade, nem impõem desejos que impliquem sofrimento para um dos cônjuges.
Se há “segredos” nesta área, o mais significativo prende-se com a necessidade de aliar a criatividade com as vulnerabilidades de cada um.