O título deste texto talvez não seja muito familiar, pelo menos para as pessoas sem formação na área Comportamental. No entanto, o conceito está amplamente enraizado nos nossos hábitos.
Quando vemos alguém pela primeira vez, formamos de imediato uma opinião (que mais tarde até pode ser refutada) e agimos de acordo com esse juízo de valor. Embora não tenhamos consciência do poder dos nossos pensamentos, isto é, das nossas crenças, elas condicionarão em larga medida o futuro do nosso relacionamento com aquela pessoa.
Centremo-nos no seguinte exemplo: uma colega nova chega à sua empresa e é apresentada. A sua primeira impressão é a de que se trata de uma pessoa demasiado convencida – você pensa “Já estou mesmo a ver a pinta dela. Deve achar-se superior a todos…”.
De que forma é que este juízo de valor vai condicionar esta relação laboral? Em primeiro lugar, é pouco provável que você esboce um sorriso cada vez que se cruzar com a referida colega nos corredores da empresa. Mais: é quase certo que a sua primeira impressão o leve a manter uma expressão facial tensa enquanto profere um seco “Bom dia”, ainda que não se aperceba da imagem que está a transmitir. A reacção da sua colega será com certeza, parecida com a sua própria comunicação. Ou seja, o mais certo é que ela também responda no mesmo tom e ainda desvie o olhar ou esboce um esgar de reprovação. E aí você (que até nem tem ali um espelho para ver a figura que acabou de fazer) pensa “Ah-Ah! Eu sabia! Que arrogante!”.
De facto, as crenças irracionais (pensamentos que nos assolam, sem que tenhamos quaisquer provas da sua veracidade) podem gerar ciclos viciosos e atrapalhar-nos a vida. No exemplo citado acima, os pensamentos automáticos acarretariam o risco de você nunca descobrir as qualidades da nova colega e muito menos beneficiar da sua amizade.
Pode acontecer mais ou menos o mesmo nas relações familiares. Por exemplo, as relações entre noras e sogras são bastante propícias a este tipo de equívocos de comunicação.
Mas atenção: também podemos “virar” as profecias auto-confirmatórias a nosso favor. Se acreditarmos que o nosso interlocutor tem qualidades (e defeitos) como nós, aceitá-lo-emos e sentir-nos-emos aceites com maior facilidade.
O mesmo processo pode estar implicado no (in)sucesso dos objectivos a que nos propomos. Assim, experimente pensar que “Se acreditar que consegue, conseguirá mesmo, mas se acreditar que não consegue, não conseguirá”. Todos os estudos demonstram a importância do optimismo realista para o nosso bem-estar (individual e relacional).