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9.1.06

GESTÃO DO STRESSE PROFISSIONAL

Já tive oportunidade de escrever aqui sobre os casos em que um ataque de pânico é confundido com um ataque cardíaco. Na altura chamei a atenção para o impacto negativo da acumulação de emoções negativas.

Hoje decidi debruçar-me sobre um tema associado a este tipo de episódios: o stresse. Se é verdade que há muito tempo que este vocábulo anda na boca de toda a gente, por outro lado, não podemos deixar de constatar que a expressão é cada vez mais pertinente, em particular nas grandes cidades.

Uma das causas mais apontadas para os níveis de ansiedade exacerbados é a componente profissional. As pessoas “gastam” grande parte do seu dia no local de trabalho (e nas respectivas deslocações), sobrando pouco tempo para o próprio, para a família e para o lazer. Além disso, o mercado de trabalho está cada vez mais competitivo, o que acarreta aumento da pressão e das exigências. Um estudo superficial dos anúncios de emprego é suficiente para que concluamos que já há uma percentagem considerável de empregadores que incluem na lista de requisitos a “capacidade para trabalhar sob pressão”. Como somos todos feitos da mesma “matéria”, mais cedo ou mais tarde as fragilidades aparecem.

Ainda neste campo, importa referir que a ansiedade tende a subir devido à insatisfação relativamente às funções desempenhadas. Por exemplo, o desenvolvimento de tarefas pouco qualificadas e rotineiras pode ser um motivo de desmotivação, em particular para as pessoas que investiram numa formação específica.

As dificuldades de relacionamento interpessoal constituem outro factor que potencia o stresse – quer sejam dificuldades com os superiores hierárquicos, quer sejam dificuldades com os colegas. De facto, é preciso ter grande resistência para passar cerca de um terço do dia num clima hostil. Infelizmente, para algumas pessoas, é normal trabalhar em ambientes “de cortar à faca”. Depois, o corpo é que paga…

No entanto, o auge do stresse profissional acontece quando as pessoas são expostas a uma situação de assédio moral. Os trabalhadores que não estão familiarizados com este conceito não imaginam a “sorte” que têm, já que este tipo de pressão pode ser fatal. Resumidamente, o assédio moral é um conjunto de estratégias de humilhação utilizado pela entidade patronal de modo a que o trabalhador saia sem receber aquilo a que tem direito.

Os esquemas podem ser muito diversificados. O importante é que o trabalhador se sinta prestes a enlouquecer e, assim, desista do braço-de-ferro. Nalguns casos, a pessoa é colocada a desempenhar as suas funções sem as condições mínimas de dignidade (ao frio, ao calor, sem W.C., longe dos refeitórios…). Noutros, a tortura passa por colocá-la a desenvolver tarefas pouco relacionadas com a sua área de formação ou com a profissão para a qual foi contratada. Outra opção passa por colocar o trabalhador sem fazer nada (obrigando-o a cumprir escrupulosamente os horários e a observar o trabalho dos colegas).

Quanto mais a pessoa que é alvo de humilhação resistir, maior a escalada. Assim, alguns trabalhadores ficam impedidos de falar com os colegas, sob pena de haver retaliação também para estes.

Por tudo isto, importa deixar algumas sugestões. Antes de mais, é importante PARAR para reflectir sobre o desgaste e definir claramente o(s) problema(s). Haverá, certamente, problemas mais urgentes do que outros. A este passo deve seguir-se uma análise cuidada (se possível, com o apoio da família) de todas as alternativas para a resolução de cada problema – mesmo daquelas que, aparentemente, pareçam absurdas. Só se verificarmos de forma detalhada os prós e os contras (mais-valias e sacrifícios) associados a cada opção é que poderemos fazer escolhas eficazes. Então, mobilizar-se-ão os recursos necessários para a implementação da alternativa escolhida.

Em termos de comunicação, é importante desenvolver o treino assertivo, ou seja, a capacidade para exprimir de forma clara e honesta as respectivas opiniões, necessidades e direitos. O investimento no diálogo honesto com todas as partes envolvidas e a escuta atenta do ponto de vista alheio são ferramentas importantes em qualquer resolução de conflitos. Pelo contrário, a passividade e a cedência a chantagens são contra-producentes.

A última sugestão é tão importante como as anteriores: é preciso aprender a gerir melhor o tempo. Esta gestão inclui a definição de prioridades e a respectiva anotação (sob a forma de um horário ou de uma agenda). Além disso, não basta ter mais tempo, é preciso saber o que fazer com ele. A cristalização de hábitos nocivos impede algumas pessoas de encarar o mundo para lá da profissão, pelo que pode ser necessário redescobrir áreas de lazer.
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