Os dois temas implícitos no título deste texto traduzem duas preocupações a que me tenho dedicado quer do ponto de vista profissional quer do ponto de vista pessoal: o conflito conjugal e a prevenção rodoviária. Embora esta última não constitua uma área a que me dedique enquanto especialista, constitui uma fonte de desassossego a que procuro dar voz através dos meios de que disponho.
Mesmo que não tivesse tido contacto directo com o problema da sinistralidade rodoviária, não poderia, enquanto cidadã portuguesa atenta às notícias, deixar de me inquietar com os números que dão conta da posição portuguesa no “ranking” dos acidentes de viação. Somos, a este nível, um país com muito a aprender.
Enquanto psicóloga e, particularmente enquanto terapeuta conjugal e familiar, esta inquietação cruza-se com aquele que tem sido nos últimos anos o grande foco do meu trabalho: a (in)satisfação conjugal.
Como já tive oportunidade de referir aqui, o conflito não é mau em si mesmo. Já disse e repito: os casais que não discutem preocupam-me muito mais do que aqueles que fazem das batalhas a dois um modo de vida. Claro que as duas situações inspiram cuidados e requerem intervenção especializada.
Tão inevitável quanto outras áreas da conjugalidade, o conflito não pode ser uma constante da vida de um casal. E é preciso “aprender a discutir”, ou seja, é preciso aprender a expressar necessidades opostas, desejos contraditórios e opiniões antagónicas SEM ULTRAPASSAR DETERMINADOS LIMITES! É preciso que existam fronteiras muito bem definidas que permitam separar uma discussão acalorada do profundo desrespeito. Afinal, é aí que reside a capacidade de continuar a lutar pela relação, apesar dos obstáculos. Pelo contrário, quando os membros do casal ultrapassam esta barreira, permitem que sentimentos pouco nobres se sobreponham ao amor que os uniu.
O trabalho em contexto clínico mostra que é com relativa facilidade que os casais portugueses enveredam por discussões intensas dentro do carro. Muitas destas altercações estão na base de rupturas impulsivas. É verdade: em muitos casos o bate-boca evolui para alterações fisiológicas significativas que se traduzem em dores de cabeça, aceleração do batimento cardíaco, suores, gritarias e, de repente… BUM!
“BUM!” pode significar a saída repentina de um dos membros do casal (com o carro em andamento ou após uma travagem brusca), um toque, um despiste, ou um acidente com repercussões mais graves. O estado de nervos a que os membros do casal se expõem no meio do trânsito é proporcional aos danos provocados e, infelizmente, estes ultrapassam frequentemente a esfera material.
Apesar da minha preocupação em relação a estes cônjuges insatisfeitos, não posso deixar de experimentar alguma indignação, já que estes impulsos implicam muitas vezes o sofrimento de pessoas com pouco ou nenhum voto na matéria: as crianças que tantas vezes assistem a estas batalhas móveis (sendo sempre vítimas) e os ocupantes das viaturas que se envolvem involuntariamente nos acidentes.
Quando confrontadas com os riscos que as discussões no carro implicam, quase todas as pessoas alegam, a posteriori, que conhecem os seus limites e que jamais colocariam a vida dos seus filhos em risco. Ainda que involuntariamente, mentem a si mesmas. Quando alguém se enerva brutalmente no meio da condução, acelerando desmesuradamente e forçando a viatura a travagens bruscas, ESTÁ A ULTRAPASSAR OS LIMITES! Está a expor as crianças a riscos desnecessários e está a transmitir modelos de comportamento impróprios para quem está ainda a estruturar a sua personalidade.
Embora seja difícil, é preciso saber parar a escalada de violência. Quantas vezes já referi que “quando um não quer, dois não discutem”? Mesmo que um dos cônjuges pareça ter por objectivo massacrar a cabeça do outro, é importante assumir o compromisso de viajar em segurança. No final do percurso, se possível longe das crianças, será mais fácil expor ideias aparentemente incompatíveis.
Mesmo que não tivesse tido contacto directo com o problema da sinistralidade rodoviária, não poderia, enquanto cidadã portuguesa atenta às notícias, deixar de me inquietar com os números que dão conta da posição portuguesa no “ranking” dos acidentes de viação. Somos, a este nível, um país com muito a aprender.
Enquanto psicóloga e, particularmente enquanto terapeuta conjugal e familiar, esta inquietação cruza-se com aquele que tem sido nos últimos anos o grande foco do meu trabalho: a (in)satisfação conjugal.
Como já tive oportunidade de referir aqui, o conflito não é mau em si mesmo. Já disse e repito: os casais que não discutem preocupam-me muito mais do que aqueles que fazem das batalhas a dois um modo de vida. Claro que as duas situações inspiram cuidados e requerem intervenção especializada.
Tão inevitável quanto outras áreas da conjugalidade, o conflito não pode ser uma constante da vida de um casal. E é preciso “aprender a discutir”, ou seja, é preciso aprender a expressar necessidades opostas, desejos contraditórios e opiniões antagónicas SEM ULTRAPASSAR DETERMINADOS LIMITES! É preciso que existam fronteiras muito bem definidas que permitam separar uma discussão acalorada do profundo desrespeito. Afinal, é aí que reside a capacidade de continuar a lutar pela relação, apesar dos obstáculos. Pelo contrário, quando os membros do casal ultrapassam esta barreira, permitem que sentimentos pouco nobres se sobreponham ao amor que os uniu.
O trabalho em contexto clínico mostra que é com relativa facilidade que os casais portugueses enveredam por discussões intensas dentro do carro. Muitas destas altercações estão na base de rupturas impulsivas. É verdade: em muitos casos o bate-boca evolui para alterações fisiológicas significativas que se traduzem em dores de cabeça, aceleração do batimento cardíaco, suores, gritarias e, de repente… BUM!
“BUM!” pode significar a saída repentina de um dos membros do casal (com o carro em andamento ou após uma travagem brusca), um toque, um despiste, ou um acidente com repercussões mais graves. O estado de nervos a que os membros do casal se expõem no meio do trânsito é proporcional aos danos provocados e, infelizmente, estes ultrapassam frequentemente a esfera material.
Apesar da minha preocupação em relação a estes cônjuges insatisfeitos, não posso deixar de experimentar alguma indignação, já que estes impulsos implicam muitas vezes o sofrimento de pessoas com pouco ou nenhum voto na matéria: as crianças que tantas vezes assistem a estas batalhas móveis (sendo sempre vítimas) e os ocupantes das viaturas que se envolvem involuntariamente nos acidentes.
Quando confrontadas com os riscos que as discussões no carro implicam, quase todas as pessoas alegam, a posteriori, que conhecem os seus limites e que jamais colocariam a vida dos seus filhos em risco. Ainda que involuntariamente, mentem a si mesmas. Quando alguém se enerva brutalmente no meio da condução, acelerando desmesuradamente e forçando a viatura a travagens bruscas, ESTÁ A ULTRAPASSAR OS LIMITES! Está a expor as crianças a riscos desnecessários e está a transmitir modelos de comportamento impróprios para quem está ainda a estruturar a sua personalidade.
Embora seja difícil, é preciso saber parar a escalada de violência. Quantas vezes já referi que “quando um não quer, dois não discutem”? Mesmo que um dos cônjuges pareça ter por objectivo massacrar a cabeça do outro, é importante assumir o compromisso de viajar em segurança. No final do percurso, se possível longe das crianças, será mais fácil expor ideias aparentemente incompatíveis.
Nota: Num só dia tive acesso a duas histórias clínicas em que esta capacidade esteve ausente: a L. e o V. terminaram uma relação de alguns anos depois de uma discussão que culminou com a saída da L. do carro a meio da viagem; o J. e a M. expuseram os seus filhotes a algumas manobras perigosas porque não souberam gerir de forma eficaz as suas emoções.