Retomo hoje o tema dos pilares do amor romântico. Depois de falar sobre o peso do apoio emocional e da expressão verbal do amor, centro agora a atenção na expressão física. O toque, os beijos, os abraços, as carícias, em suma, os gestos característicos de uma relação amorosa são (ou deveriam ser) uma constante entre duas pessoas que se amam e que desejam nutrir a relação.
Mas o facto de a generalidade das pessoas valorizar esta variável da conjugalidade não quer dizer que haja concordância universal quanto ao seu peso. De facto, e tal como tenho enfatizado de forma sistemática, pessoas diferentes atribuir-lhe-ão graus de importância diferentes, como acontece noutras áreas da vida a dois. O mais importante passa, então, por conseguirmos agradar à pessoa que está ao nosso lado, satisfazendo as suas necessidades, sem que isso implique um grande sacrifício. A palavra sacrifício soa-me, aliás, fora de contexto quando a associo à expressão do amor romântico.
A verdade é que há muitas pessoas que se queixam da diminuição progressiva destes gestos depois do fulgor do início do namoro. Nalguns casos parece que o amadurecimento e a solidez da relação são inversamente proporcionais à ocorrência destes mimos. Esquecemo-nos de mimar o nosso cônjuge? Acomodamo-nos depois de a conquista estar assegurada? Somos influenciados pelo desinvestimento do nosso companheiro? Cada pessoa colocará a si mesma estas questões e procurará responder com maior ou menor dificuldade.
A rotina e o cansaço são justificações muito usadas em ambiente clínico. Os casais lamentam que a intensidade das suas vidas profissionais lhes roube disponibilidade e atenção a estes gestos. Mas de que servem estes lamentos se nada for feito para remar contra a maré? E como se explica que, apesar dos afazeres laborais, consigamos ser bons amantes no início do namoro, independente da idade? Quem reconhece que o amor não sobrevive sem esta dinâmica encontra sempre tempo para mimar e reivindica a mesma dose de mimos.
É importante ter em consideração que a reflexão sobre a importância dos gestos de carinho não deve resumir-se aos beijos-mais-ou-menos-automatizados que alguns casais trocam de manhã e à noite ou a andar de mãos dadas durante as visitas ao centro comercial. Se experimentar fechar os olhos e pensar num beijo romântico aperceber-se-á que isso tem muito pouco de automático ou de efémero. Então, por que é que alguns casais abrem mão desta mais-valia?
A seguir ao desgaste provocado pelo quotidiano, a diminuição do investimento do cônjuge é a segunda justificação mais frequente. “Cansei-me de dar tudo e não receber nada”, dizem alguns. Percebo a ideia, mas não a aceito. Se não estiver feliz, o mais lógico é que reivindique aquilo que mereço, em vez de me resignar. Quanto mais cedo os membros do casal se aperceberem de que não estão a comportar-se da mesma maneira e expuserem as suas necessidades, as suas carências e os seus desejos, maior a probabilidade de resgatarem o bem-estar conjugal. A passividade é a nossa pior inimiga: permite que o tempo passe e, sem darmos por isso, arriscamo-nos a acordar tarde de mais.
Não gostaria de terminar este texto sem chamar a atenção para o facto de as diferenças inter-individuais poderem implicar maior ou menor à vontade na expressão física do amor em público. Algumas pessoas são condicionadas pela rigidez da sua educação e, por isso, não são capazes de concretizar os mesmos gestos de carinho em público como em privado. Como é lógico, isto pode gerar algum desconforto e acelerar o “desconfiómetro” do cônjuge. “Se me beija em privado, por que não o faz na presença de familiares e amigos? Quererá mostrar-se disponível para alguém?”.
Estas diferenças são facilmente contornáveis, desde que os membros do casal conversem abertamente sobre elas. O diálogo franco e aberto afasta os equívocos e restabelece o equilíbrio. Mas atenção: nem todas as desculpas são válidas! Se o desconforto surgir de um momento para o outro, implicando uma mudança de comportamento, deixa de fazer sentido. Se um dos pilares do amor vai perdendo fôlego, algo está por resolver na relação e merece uma intervenção.
Mas o facto de a generalidade das pessoas valorizar esta variável da conjugalidade não quer dizer que haja concordância universal quanto ao seu peso. De facto, e tal como tenho enfatizado de forma sistemática, pessoas diferentes atribuir-lhe-ão graus de importância diferentes, como acontece noutras áreas da vida a dois. O mais importante passa, então, por conseguirmos agradar à pessoa que está ao nosso lado, satisfazendo as suas necessidades, sem que isso implique um grande sacrifício. A palavra sacrifício soa-me, aliás, fora de contexto quando a associo à expressão do amor romântico.
A verdade é que há muitas pessoas que se queixam da diminuição progressiva destes gestos depois do fulgor do início do namoro. Nalguns casos parece que o amadurecimento e a solidez da relação são inversamente proporcionais à ocorrência destes mimos. Esquecemo-nos de mimar o nosso cônjuge? Acomodamo-nos depois de a conquista estar assegurada? Somos influenciados pelo desinvestimento do nosso companheiro? Cada pessoa colocará a si mesma estas questões e procurará responder com maior ou menor dificuldade.
A rotina e o cansaço são justificações muito usadas em ambiente clínico. Os casais lamentam que a intensidade das suas vidas profissionais lhes roube disponibilidade e atenção a estes gestos. Mas de que servem estes lamentos se nada for feito para remar contra a maré? E como se explica que, apesar dos afazeres laborais, consigamos ser bons amantes no início do namoro, independente da idade? Quem reconhece que o amor não sobrevive sem esta dinâmica encontra sempre tempo para mimar e reivindica a mesma dose de mimos.
É importante ter em consideração que a reflexão sobre a importância dos gestos de carinho não deve resumir-se aos beijos-mais-ou-menos-automatizados que alguns casais trocam de manhã e à noite ou a andar de mãos dadas durante as visitas ao centro comercial. Se experimentar fechar os olhos e pensar num beijo romântico aperceber-se-á que isso tem muito pouco de automático ou de efémero. Então, por que é que alguns casais abrem mão desta mais-valia?
A seguir ao desgaste provocado pelo quotidiano, a diminuição do investimento do cônjuge é a segunda justificação mais frequente. “Cansei-me de dar tudo e não receber nada”, dizem alguns. Percebo a ideia, mas não a aceito. Se não estiver feliz, o mais lógico é que reivindique aquilo que mereço, em vez de me resignar. Quanto mais cedo os membros do casal se aperceberem de que não estão a comportar-se da mesma maneira e expuserem as suas necessidades, as suas carências e os seus desejos, maior a probabilidade de resgatarem o bem-estar conjugal. A passividade é a nossa pior inimiga: permite que o tempo passe e, sem darmos por isso, arriscamo-nos a acordar tarde de mais.
Não gostaria de terminar este texto sem chamar a atenção para o facto de as diferenças inter-individuais poderem implicar maior ou menor à vontade na expressão física do amor em público. Algumas pessoas são condicionadas pela rigidez da sua educação e, por isso, não são capazes de concretizar os mesmos gestos de carinho em público como em privado. Como é lógico, isto pode gerar algum desconforto e acelerar o “desconfiómetro” do cônjuge. “Se me beija em privado, por que não o faz na presença de familiares e amigos? Quererá mostrar-se disponível para alguém?”.
Estas diferenças são facilmente contornáveis, desde que os membros do casal conversem abertamente sobre elas. O diálogo franco e aberto afasta os equívocos e restabelece o equilíbrio. Mas atenção: nem todas as desculpas são válidas! Se o desconforto surgir de um momento para o outro, implicando uma mudança de comportamento, deixa de fazer sentido. Se um dos pilares do amor vai perdendo fôlego, algo está por resolver na relação e merece uma intervenção.