Apesar de o número de casamentos continuar a decair de ano para ano, Portugal continua a ser dos países da Europa em que mais se cumpre a tradição. Ainda assim, temos acolhido nos últimos anos novas formas de família. Há cada vez mais uniões de facto, famílias reconstruídas, famílias monoparentais, famílias constituídas por casais homossexuais, etc.
Embora nem todos estejam familiarizados com o termo, a sigla LAT (Living Apart Together) pode ser considerada uma nova forma de família, que ganha adeptos no mundo inteiro. Entende-se por uma relação LAT uma união em que duas pessoas se assumem como casal mas optam por viver em casas separadas.
Se, por um lado, a generalidade das pessoas anseia por, mais tarde ou mais cedo, juntar os trapinhos, por outro, existem pessoas para quem esse passo acarreta mais desvantagens do que vantagens para a viabilidade da relação.
Algumas destas pessoas já foram casadas, divorciaram-se e chegaram à conclusão que a rotina pode estragar o amor. Por isso, optam por não voltar a “cometer o mesmo erro”. Reconhecem que se amam, até podem voltar a casar, mas não dividem o mesmo tecto.
Há quem justifique esta opção através de um ou mais motivos. Por exemplo, esta é uma opção útil para algumas famílias reconstruídas que receiam o contacto diário entre padrastos ou madrastas e enteados – evita-se a responsabilidade de ter que cuidar dos familiares do cônjuge. Noutros casos, um dos cônjuges tem a seu cargo um familiar idoso e a decisão está associada à dificuldade de partilhar esta responsabilidade. Os “fardos” não são partilhados e o que sobra é a parte positiva.
Note-se que estas pessoas sentem-se apoiadas, sentem que podem contar com o outro em momentos de aflição, mas decidem não partilhar os deveres do dia-a-dia.
Outro motivo apontado diz respeito ao facto de os cônjuges trabalharem geograficamente distantes um do outro. Amam-se e ultrapassam as obrigações profissionais através da manutenção de dois lares.
Esta opção não deve ser confundida com a co-habitação alternada, isto é, os cônjuges não vivem juntos entre duas casas – cada um tem a sua. Encontram-se aos fins-de-semana e passam as férias juntos, mas no dia-a-dia a autonomia é maior.
Alguns casais chegam mesmo a afirmar que, mesmo que tivessem oportunidade de viver juntos a tempo inteiro, não o fariam. Preferem não abdicar do seu próprio espaço, ou dos seus hábitos individuais e decidem não interferir nas decisões diárias do cônjuge.
Como este é um fenómeno que atravessa todas as faixas etárias, é possível ouvir-se casais mais velhos defenderem que, através deste formato, podem conviver com os filhos e com os netos sem que o outro se sinta obrigado a fazê-lo também.
Entre os casais mais novos é possível encontrarmos casos em que os cônjuges até vivem com outras pessoas (pais, irmãos, colegas, amigos), mas deliberadamente não avançam para uma união tradicional.
Daí que o fenómeno também atravesse todas as classes sociais: embora saia mais caro viver em casas separadas, as despesas podem ser partilhadas com outras pessoas. Claro que há despesas extra: gasta-se inevitavelmente mais dinheiro em chamadas telefónicas e em viagens.
Como partilham a ideia de compromisso, a fidelidade não está em causa. Daí que estas relações não devam ser confundidas com uniões abertas a experiências amorosas paralelas (ainda que isso possa ser verdade em situações excepcionais).
A ideia passa por manter as qualidades dos tempos de namoro, evitando os obstáculos da vida de casados no sentido tradicional.
Há relações duradouras, mas nem todas as pessoas que adoptam o formato vivem em função do “…até que a morte os separe”. Por outro lado, os filhos não são encarados como fundamentais para uma relação feliz.
O aumento deste tipo de famílias está associado às mudanças demográficas por que temos passado. De facto, o peso das normas é cada vez menor, a esperança média de vida é cada vez maior, a taxa de divórcio tende a aumentar, há cada vez mais filhos fora do casamento e é cada vez mais difícil trocar de emprego e manter a estabilidade financeira.
Nalguns países do Norte da Europa a percentagem destes casos ronda os 4-8 %. Em Portugal são conhecidos os exemplos do Professor Marcelo Rebelo de Sousa, comprometido, mas a viver sozinho, e do casal Vasco Pulido Valente / Constança Cunha e Sá, casados e a viver em casas separadas.
Como Psicóloga e terapeuta familiar respeito esta nova forma de família, mas temo, pelo menos, um risco: que este formato seja imposto por um dos membros do casal, anulando a vontade do outro. De resto, cada um é livre de ser feliz como entender…
Embora nem todos estejam familiarizados com o termo, a sigla LAT (Living Apart Together) pode ser considerada uma nova forma de família, que ganha adeptos no mundo inteiro. Entende-se por uma relação LAT uma união em que duas pessoas se assumem como casal mas optam por viver em casas separadas.
Se, por um lado, a generalidade das pessoas anseia por, mais tarde ou mais cedo, juntar os trapinhos, por outro, existem pessoas para quem esse passo acarreta mais desvantagens do que vantagens para a viabilidade da relação.
Algumas destas pessoas já foram casadas, divorciaram-se e chegaram à conclusão que a rotina pode estragar o amor. Por isso, optam por não voltar a “cometer o mesmo erro”. Reconhecem que se amam, até podem voltar a casar, mas não dividem o mesmo tecto.
Há quem justifique esta opção através de um ou mais motivos. Por exemplo, esta é uma opção útil para algumas famílias reconstruídas que receiam o contacto diário entre padrastos ou madrastas e enteados – evita-se a responsabilidade de ter que cuidar dos familiares do cônjuge. Noutros casos, um dos cônjuges tem a seu cargo um familiar idoso e a decisão está associada à dificuldade de partilhar esta responsabilidade. Os “fardos” não são partilhados e o que sobra é a parte positiva.
Note-se que estas pessoas sentem-se apoiadas, sentem que podem contar com o outro em momentos de aflição, mas decidem não partilhar os deveres do dia-a-dia.
Outro motivo apontado diz respeito ao facto de os cônjuges trabalharem geograficamente distantes um do outro. Amam-se e ultrapassam as obrigações profissionais através da manutenção de dois lares.
Esta opção não deve ser confundida com a co-habitação alternada, isto é, os cônjuges não vivem juntos entre duas casas – cada um tem a sua. Encontram-se aos fins-de-semana e passam as férias juntos, mas no dia-a-dia a autonomia é maior.
Alguns casais chegam mesmo a afirmar que, mesmo que tivessem oportunidade de viver juntos a tempo inteiro, não o fariam. Preferem não abdicar do seu próprio espaço, ou dos seus hábitos individuais e decidem não interferir nas decisões diárias do cônjuge.
Como este é um fenómeno que atravessa todas as faixas etárias, é possível ouvir-se casais mais velhos defenderem que, através deste formato, podem conviver com os filhos e com os netos sem que o outro se sinta obrigado a fazê-lo também.
Entre os casais mais novos é possível encontrarmos casos em que os cônjuges até vivem com outras pessoas (pais, irmãos, colegas, amigos), mas deliberadamente não avançam para uma união tradicional.
Daí que o fenómeno também atravesse todas as classes sociais: embora saia mais caro viver em casas separadas, as despesas podem ser partilhadas com outras pessoas. Claro que há despesas extra: gasta-se inevitavelmente mais dinheiro em chamadas telefónicas e em viagens.
Como partilham a ideia de compromisso, a fidelidade não está em causa. Daí que estas relações não devam ser confundidas com uniões abertas a experiências amorosas paralelas (ainda que isso possa ser verdade em situações excepcionais).
A ideia passa por manter as qualidades dos tempos de namoro, evitando os obstáculos da vida de casados no sentido tradicional.
Há relações duradouras, mas nem todas as pessoas que adoptam o formato vivem em função do “…até que a morte os separe”. Por outro lado, os filhos não são encarados como fundamentais para uma relação feliz.
O aumento deste tipo de famílias está associado às mudanças demográficas por que temos passado. De facto, o peso das normas é cada vez menor, a esperança média de vida é cada vez maior, a taxa de divórcio tende a aumentar, há cada vez mais filhos fora do casamento e é cada vez mais difícil trocar de emprego e manter a estabilidade financeira.
Nalguns países do Norte da Europa a percentagem destes casos ronda os 4-8 %. Em Portugal são conhecidos os exemplos do Professor Marcelo Rebelo de Sousa, comprometido, mas a viver sozinho, e do casal Vasco Pulido Valente / Constança Cunha e Sá, casados e a viver em casas separadas.
Como Psicóloga e terapeuta familiar respeito esta nova forma de família, mas temo, pelo menos, um risco: que este formato seja imposto por um dos membros do casal, anulando a vontade do outro. De resto, cada um é livre de ser feliz como entender…