Desde que me iniciei na blogosfera tomei conhecimento de alguns fenómenos interessantes. A democratização da informação permitiu, entre outras coisas, que cada pessoa ou grupo de pessoas pudessem publicar os seus pensamentos, emoções, ideologias e afins. Achei piada ao termo “blogaysfera”, como achei piada à expressão “babyblogs”. E é sobre este último que resolvi escrever hoje.
Em primeiro lugar, estes blogues permitem que milhares de pessoas (na maioria mulheres) partilhem experiências relacionadas com a parentalidade e os seus desafios. Depois, o relato das traquinices dos pequenotes traz quase sempre algumas risadas que só as crianças proporcionam.
Lamento, no entanto, que a maioria destes diários relatem apenas uma visão cor-de-rosa desta fase do ciclo de vida. Quase tudo é descrito como uma sequência interminável de episódios engraçados e/ou ternurentos, como se a maternidade e a paternidade não incluíssem momentos de stresse. Ora, qualquer pai ou mãe que se confronte com descrições super-hiper-mega-optimistas tem duas hipóteses: deprimir-se ou rir-se delas.
Que sentimentos estarão na base daqueles (ou daquelas) que manifestam uma necessidade tão grande de mostrar que a perfeição existe? Insegurança? Falta de auto-estima? Numa altura em que somos bombardeados com anúncios publicitários de recém-mamãs extremamente elegantes e frescas ou com histórias de ficção que terminam invariavelmente com o “casaram, tiveram muitos filhos e… foram muito felizes”, não estranho que muitas mulheres insistam em provar ao mundo (e a si mesmas) que a gravidez, o parto e a educação dos filhos são um sonho contínuo.
As pessoas emocionalmente mais inteligentes percebem, sem grandes dificuldades, que a experiência mais bela da vida é também a mais desafiante e que os desafios começam logo na gravidez. Então, por que hão-de escondê-los? Por que não partilhá-los e, assim, permitir que os outros conheçam os tropeções da vida de um pai ou de uma mãe?
Em primeiro lugar, estes blogues permitem que milhares de pessoas (na maioria mulheres) partilhem experiências relacionadas com a parentalidade e os seus desafios. Depois, o relato das traquinices dos pequenotes traz quase sempre algumas risadas que só as crianças proporcionam.
Lamento, no entanto, que a maioria destes diários relatem apenas uma visão cor-de-rosa desta fase do ciclo de vida. Quase tudo é descrito como uma sequência interminável de episódios engraçados e/ou ternurentos, como se a maternidade e a paternidade não incluíssem momentos de stresse. Ora, qualquer pai ou mãe que se confronte com descrições super-hiper-mega-optimistas tem duas hipóteses: deprimir-se ou rir-se delas.
Que sentimentos estarão na base daqueles (ou daquelas) que manifestam uma necessidade tão grande de mostrar que a perfeição existe? Insegurança? Falta de auto-estima? Numa altura em que somos bombardeados com anúncios publicitários de recém-mamãs extremamente elegantes e frescas ou com histórias de ficção que terminam invariavelmente com o “casaram, tiveram muitos filhos e… foram muito felizes”, não estranho que muitas mulheres insistam em provar ao mundo (e a si mesmas) que a gravidez, o parto e a educação dos filhos são um sonho contínuo.
As pessoas emocionalmente mais inteligentes percebem, sem grandes dificuldades, que a experiência mais bela da vida é também a mais desafiante e que os desafios começam logo na gravidez. Então, por que hão-de escondê-los? Por que não partilhá-los e, assim, permitir que os outros conheçam os tropeções da vida de um pai ou de uma mãe?
Felizmente, a blogosfera também tem muitos exemplos positivos. Existem babyblogs riquíssimos e pedagógicos e que, para mim, são os mais interessantes: relatam as alegrias e as frustrações, os momentos de glória e aqueles em que “apetece deitar os filhos pela janela”, descrevem a emoção da primeira ecografia com a mesma honestidade com que nos falam dos enjoos e do cansaço. É esta genuinidade que faz de alguns blogues muito mais do que álbuns fotográficos adaptados às novas tecnologias. A partilha sincera e despretensiosa de experiências permite que outros pais se revejam, se tranquilizem (por não serem os únicos a passar pelo mesmo) e cresçam. E quem não tem filhos também agradece a oportunidade de olhar para a vida como ela é.