Se há dor altamente incapacitante, é a dor de dentes. Normalmente resulta de poucos cuidados com a higiene e/ou saúde oral, aparece “de fininho” e rapidamente se transforma num sofrimento insuportável. É normalmente nessa altura que a pessoa que é alvo desta dor lancinante recorre à ajuda médica. Quanto maior o desleixo, mais intenso será o tratamento (e, provavelmente, o sermão do dentista). Depois do tratamento de choque, o utente confronta-se com, pelo menos, duas hipóteses: dar continuidade ao plano de intervenção na saúde oral (quer em termos de tratamento, quer em termos preventivos) ou interromper as consultas até… surgir nova dor. Com um bocadinho de sorte, pode ser que isso ainda demore um bocadinho.
Como não possuo nenhuma procuração para falar em nome dos médicos dentistas, a metáfora que descrevi acima serve apenas para ilustrar as diferenças entre qualidade e funcionalidade, também aplicáveis à Psicoterapia. Deixa de haver funcionalidade aquando do aparecimento de sintomas – dor física, no caso da saúde oral e dor emocional no caso da saúde mental – e é a partir do momento em que a vida (familiar, conjugal ou pessoal) se torna disfuncional que nos lembramos de recorrer à ajuda especializada. Quanto mais cristalizados estiverem os problemas, mais profundo (e muitas vezes mais longo) será o processo terapêutico.
Para muitas pessoas, a realização de algumas consultas é suficiente para que haja melhorias importantes, capazes de fazer com que os comportamentos readquiram funcionalidade. A dor atroz que as conduziu numa fase inicial ao consultório de Psicoterapia reduz e, tal como na metáfora, surge uma bifurcação. Para alguns, o desaparecimento da dor é suficiente para que a intervenção seja interrompida. Para outros, a estabilidade emocional advém da promoção da qualidade.
Atingir a qualidade na vida familiar, conjugal ou pessoal não implica apenas funcionalidade. É preciso desfazer os nós, aprender novos padrões de comportamento, e perspectivar o futuro.
Mas atenção: isto não quer dizer que os utentes de um serviço de Psicoterapia necessitem de consultas regulares por toda a vida! Ao contrário do que acontece na Medicina Dentária, nesta área não existe lugar para “tratamentos de rotina” ou “check up’s” periódicos. O “follow up”, isto é, o acompanhamento pós terapia não deve ser confundido com a protelação ad eternum do fim do processo terapêutico. A partir do momento em que o terapeuta e as pessoas envolvidas na terapia estão de acordo com a alta, não há razão para que as consultas se mantenham.
Como nota final, gostaria de referir que às semelhanças entre a saúde oral e a saúde mental identificadas atrás acrescem duas circunstâncias incontornáveis:
Como não possuo nenhuma procuração para falar em nome dos médicos dentistas, a metáfora que descrevi acima serve apenas para ilustrar as diferenças entre qualidade e funcionalidade, também aplicáveis à Psicoterapia. Deixa de haver funcionalidade aquando do aparecimento de sintomas – dor física, no caso da saúde oral e dor emocional no caso da saúde mental – e é a partir do momento em que a vida (familiar, conjugal ou pessoal) se torna disfuncional que nos lembramos de recorrer à ajuda especializada. Quanto mais cristalizados estiverem os problemas, mais profundo (e muitas vezes mais longo) será o processo terapêutico.
Para muitas pessoas, a realização de algumas consultas é suficiente para que haja melhorias importantes, capazes de fazer com que os comportamentos readquiram funcionalidade. A dor atroz que as conduziu numa fase inicial ao consultório de Psicoterapia reduz e, tal como na metáfora, surge uma bifurcação. Para alguns, o desaparecimento da dor é suficiente para que a intervenção seja interrompida. Para outros, a estabilidade emocional advém da promoção da qualidade.
Atingir a qualidade na vida familiar, conjugal ou pessoal não implica apenas funcionalidade. É preciso desfazer os nós, aprender novos padrões de comportamento, e perspectivar o futuro.
Mas atenção: isto não quer dizer que os utentes de um serviço de Psicoterapia necessitem de consultas regulares por toda a vida! Ao contrário do que acontece na Medicina Dentária, nesta área não existe lugar para “tratamentos de rotina” ou “check up’s” periódicos. O “follow up”, isto é, o acompanhamento pós terapia não deve ser confundido com a protelação ad eternum do fim do processo terapêutico. A partir do momento em que o terapeuta e as pessoas envolvidas na terapia estão de acordo com a alta, não há razão para que as consultas se mantenham.
Como nota final, gostaria de referir que às semelhanças entre a saúde oral e a saúde mental identificadas atrás acrescem duas circunstâncias incontornáveis:
- o facto de as consultas nas duas especialidades estarem “entregues”, na maioria dos casos, à actividade privada, sem lugar a comparticipações estatais;
- o desconhecimento / medo associado aos dois processos terapêuticos.