Cada um de nós é, na actualidade, o produto das experiências emocionalmente significativas. Os relacionamentos amorosos anteriores, bem como os padrões de comportamento vividos na infância, podem condicionar (também) a relação conjugal e merecem ser compreendidos. Isto é, vale a pena considerar a hipótese de existirem factores externos que impeçam os membros do casal de perceber a amplitude das suas acções.
Imaginemos um conflito entre a madrasta e o seu enteado, com repercussões ao nível conjugal:
Condicionado por experiências de humilhação e violência exercidas na sua infância, o António olha para o conflito entre a sua mulher e o seu próprio filho de forma muito parcial. Encontra em cada discussão entre madrasta e enteado semelhanças com os episódios traumáticos vividos no passado. Ocorre, então, um bloqueio emocional que não é percebido à primeira vista. A situação agrava-se ainda mais porque as suas reacções acarretam, para a mulher, recordações de um (primeiro) casamento marcado pela submissão.
Perante um impasse deste tipo, é importante que os membros do casal rejeitem qualquer abordagem que inclua uma vítima e um culpado. De facto, não há um cônjuge certo e um errado. A posição de ambos é legítima e merece ser analisada de forma mais atenta.
O primeiro passo consiste em transformar a raiva em necessidades. Os cônjuges devem conseguir expor os seus receios, as suas angústias e os seus desejos, mesmo que para isso tenham que reflectir sobre acontecimentos negativos distantes no tempo.
A adopção de comportamentos rígidos só pode dar lugar à flexibilidade se ambos reflectirem sobre a existência de situações passadas em que a pessoa foi “forçada” a recorrer ao mesmo padrão comportamental. Importa conhecer esses episódios – Como é que a pessoa era tratada nessa altura? Era ignorada, julgada, criticada, rejeitada? Ou era amada e respeitada?
Se ambos reconhecerem a possibilidade de existirem episódios no seu passado que se assemelham a feridas sensíveis ao toque, tenderão a tornar-se mais empáticos um com o outro.
Mas isto não implica que se adopte uma postura em que tudo é desculpável. Pelo contrário: os membros do casal devem ajudar-se mutuamente no sentido de cada um aprender a lidar de forma mais eficaz com situações geradoras de tensão. Antes de mais, é importante que os episódios do presente se desvinculem progressivamente das experiências do passado, dando lugar a novas aprendizagens. A dificuldade em concretizar esta aprendizagem leva a que a pessoa reaja sistematicamente ao comportamento do cônjuge como ameaçador – fá-lo de forma automática, como se a situação actual fosse exactamente igual à situação vivida no passado. É esta rigidez que impede que o casal evolua.
Por outro lado, o bem-estar conjugal depende da capacidade dos membros do casal para interiorizarem que há limites que não devem ser ultrapassados. As experiências do passado não justificam que os membros do casal se ofendam mutuamente, pelo que ambos devem esforçar-se no sentido de expressar as suas necessidades respeitando sempre a posição do cônjuge. Se, por exemplo, um dos membros do casal foi severamente maltratado pelos pais e precisa que o outro empatize com a sua angústia, também é importante que haja reciprocidade. Ou seja, o cônjuge que nunca foi maltratado (nem participou nos episódios como carrasco) precisa que o outro empatize consigo, respeitando-o.
Os impasses marcados por bloqueios emocionais levam a que os membros do casal se sintam cada vez menos unidos e menos aptos a lidar um com o outro. Por isso, é importante que haja um esforço no sentido de compreender a amplitude do problema. Ambos devem esforçar-se por introduzir gradualmente novas formas de comunicação – marcadas pela calma e pela tolerância – e valorizar as mudanças observadas no comportamento do cônjuge.
As novas respostas perante situações problemáticas podem parecer artificiais no início mas, com o tempo, tornam-se parte integrante da relação.
Além disso, é importante referir que estes processos incluem recaídas. Seria demasiado irrealista pensar que a aprendizagem não inclui retrocessos. Se os membros do casal encararem estas recaídas como obstáculos ultrapassáveis, sentir-se-ão mais optimistas e evitarão sentimentos de culpa.
Imaginemos um conflito entre a madrasta e o seu enteado, com repercussões ao nível conjugal:
Condicionado por experiências de humilhação e violência exercidas na sua infância, o António olha para o conflito entre a sua mulher e o seu próprio filho de forma muito parcial. Encontra em cada discussão entre madrasta e enteado semelhanças com os episódios traumáticos vividos no passado. Ocorre, então, um bloqueio emocional que não é percebido à primeira vista. A situação agrava-se ainda mais porque as suas reacções acarretam, para a mulher, recordações de um (primeiro) casamento marcado pela submissão.
Perante um impasse deste tipo, é importante que os membros do casal rejeitem qualquer abordagem que inclua uma vítima e um culpado. De facto, não há um cônjuge certo e um errado. A posição de ambos é legítima e merece ser analisada de forma mais atenta.
O primeiro passo consiste em transformar a raiva em necessidades. Os cônjuges devem conseguir expor os seus receios, as suas angústias e os seus desejos, mesmo que para isso tenham que reflectir sobre acontecimentos negativos distantes no tempo.
A adopção de comportamentos rígidos só pode dar lugar à flexibilidade se ambos reflectirem sobre a existência de situações passadas em que a pessoa foi “forçada” a recorrer ao mesmo padrão comportamental. Importa conhecer esses episódios – Como é que a pessoa era tratada nessa altura? Era ignorada, julgada, criticada, rejeitada? Ou era amada e respeitada?
Se ambos reconhecerem a possibilidade de existirem episódios no seu passado que se assemelham a feridas sensíveis ao toque, tenderão a tornar-se mais empáticos um com o outro.
Mas isto não implica que se adopte uma postura em que tudo é desculpável. Pelo contrário: os membros do casal devem ajudar-se mutuamente no sentido de cada um aprender a lidar de forma mais eficaz com situações geradoras de tensão. Antes de mais, é importante que os episódios do presente se desvinculem progressivamente das experiências do passado, dando lugar a novas aprendizagens. A dificuldade em concretizar esta aprendizagem leva a que a pessoa reaja sistematicamente ao comportamento do cônjuge como ameaçador – fá-lo de forma automática, como se a situação actual fosse exactamente igual à situação vivida no passado. É esta rigidez que impede que o casal evolua.
Por outro lado, o bem-estar conjugal depende da capacidade dos membros do casal para interiorizarem que há limites que não devem ser ultrapassados. As experiências do passado não justificam que os membros do casal se ofendam mutuamente, pelo que ambos devem esforçar-se no sentido de expressar as suas necessidades respeitando sempre a posição do cônjuge. Se, por exemplo, um dos membros do casal foi severamente maltratado pelos pais e precisa que o outro empatize com a sua angústia, também é importante que haja reciprocidade. Ou seja, o cônjuge que nunca foi maltratado (nem participou nos episódios como carrasco) precisa que o outro empatize consigo, respeitando-o.
Os impasses marcados por bloqueios emocionais levam a que os membros do casal se sintam cada vez menos unidos e menos aptos a lidar um com o outro. Por isso, é importante que haja um esforço no sentido de compreender a amplitude do problema. Ambos devem esforçar-se por introduzir gradualmente novas formas de comunicação – marcadas pela calma e pela tolerância – e valorizar as mudanças observadas no comportamento do cônjuge.
As novas respostas perante situações problemáticas podem parecer artificiais no início mas, com o tempo, tornam-se parte integrante da relação.
Além disso, é importante referir que estes processos incluem recaídas. Seria demasiado irrealista pensar que a aprendizagem não inclui retrocessos. Se os membros do casal encararem estas recaídas como obstáculos ultrapassáveis, sentir-se-ão mais optimistas e evitarão sentimentos de culpa.