O Natal é, como se sabe, a festa da família. No mundo de hoje este conceito não pode ser apenas aplicável ao modelo familiar tradicional, pelo que importa olhar (também) para as vicissitudes desta época associadas às novas formas de família. Neste caso, volto a “olhar” para as famílias reconstruídas.
Legitimamente, muitos pais separados vivem estes dias com angústia e preocupação. Na generalidade dos casos os seus pensamentos estão voltados para o bem-estar das suas crianças.
Para as famílias atingidas pelo divórcio esta época envolve, até certo ponto, sentimentos de perda e de tristeza. Invariavelmente, um dos progenitores abdica da presença dos filhos na noite de Natal. Mas isso nem sempre acarreta grande sofrimento para as crianças. De um modo geral, se a negociação à volta destas datas for feita de maneira construtiva, as crianças vivem as festas em pleno. Os sentimentos de perda e tristeza atingem muito mais o adulto que nesse ano não estiver ao lado dos filhos.
O facto de a família nuclear (pai e mãe) se ter desmembrado não implica que a festa do Natal não possa ser vivida em família. Alguns progenitores dividem entre si a consoada e o almoço de Natal, proporcionando aos seus filhos duas festas.
Mas esta é também uma oportunidade para que as crianças estejam com a família alargada - avós, primos, etc. Na impossibilidade de reunirem os dois lados, estes laços tornam-se ainda mais relevantes, já que ajudam as crianças a construir o seu conceito de família e a alimentar os sentimentos de pertença.
É cada vez maior o número de famílias reconstruídas, pelo que é expectável que surjam várias situações associadas a ciúmes e/ ou inseguranças das crianças. Esses sentimentos podem ser desmistificados através de uma espécie de "dupla comemoração". Isto é, ainda que a criança não possa passar o Natal com um dos progenitores, e partindo do pressuposto de que este tem outros filhos, é fundamental garantir a individualidade da criança - através também dos seus presentes.
Por outro lado, é possível alimentar os laços de todas as relações existentes. Por exemplo, os sentimentos de pertença crescem quando os adultos fomentam a troca de presentes entre as crianças dos dois lares ou até entre padrastos/madrastas e enteados.
Para os pais que fazem grandes deslocações nesta época do ano, nem sempre é possível fazer com que a criança passe o dia 24 com um e o dia 25 com o outro, pelo que muitas vezes a divisão tem que ser feita anualmente. Nesse caso, é importante conversar com as crianças - numa linguagem adaptada à sua idade - e, claro, guardar os seus presentes [:)].
Quanto maior for a boa vontade dos adultos envolvidos, maior será a estabilidade emocional das crianças envolvidas. Não é necessário que os adultos sejam todos amigos. Basta que exista cordialidade e respeito.