Quando surge o diagnóstico de cancro, o impacto é quase sempre devastador. Tememos a doença, tememos a própria palavra. Hoje proponho um olhar sobre as diferenças de género na resposta à doença oncológica.
O sofrimento e o impacto emocional resultantes da doença são igualmente desnorteantes, quer seja a própria pessoa a adoecer, quer seja o(a) companheiro(a). As mulheres, em particular, ficam mais perturbadas emocionalmente do que os maridos, independentemente de serem elas a adoecer ou não. Aparentemente, vão mais abaixo, evidenciando sinais claros de tristeza, angústia.
A resposta emocional de cada um dos membros do casal à doença influencia a saúde física do outro. Mais: a reacção da mulher é determinante para a saúde do homem. De facto, a saúde física dos homens é mais vulnerável ao estado emocional das mulheres. Quanto mais fragilizada estiver a mulher (do ponto de vista emocional), maior será a probabilidade de o marido sofrer de problemas psicossomáticos (doenças físicas com base psicológica ou nervosa) – independentemente de qual dos dois tenha sido atingido pelo cancro.
Mesmo depois de um dos membros do casal receber o diagnóstico de cancro, de um modo geral, o homem tende a sentir maiores dificuldades em expressar os seus sentimentos, a sua dor, pelo que estes acabam por manifestar-se sob a forma de perturbações físicas.
Assim, para além do apoio psicológico prestado ao doente vítima de cancro, importa que haja ajuda especializada ao cônjuge. No caso de adoecimento do marido, esta ajuda é ainda mais determinante. Ajudar emocionalmente a mulher do doente com cancro pode constituir uma ajuda indirecta ao próprio tratamento oncológico.