Reconhecer que há problemas na relação amorosa é relativamente fácil. Fazer críticas e exigir mudanças também é fácil. Identificar claramente os problemas e implementar as mudanças necessárias para recuperar o bem-estar conjugal pode ser uma tarefa complexa e morosa. Mesmo que um casal esteja empenhado em “salvar” a relação, a mágoa, o ressentimento e o enraizamento de alguns hábitos podem constranger (e muito!) a motivação para mudar.
De um modo geral, as dificuldades associadas a uma “crise conjugal” não surgem da noite para o dia – ainda que, por vezes, os membros do casal possam considerar que o mal-estar está associado a um episódio ou mudança recente. Na verdade, é preciso tempo para que as dificuldades cristalizem e para que a insatisfação tome conta da vida de um casal, fazendo com que apareçam padrões como o sarcasmo, isolamento, o retraimento, o desprezo, o descrédito, a desconfiança ou a atitude defensiva. Ora, se um casamento pode levar anos a deteriorar-se e se a insatisfação conjugal é quase sempre fruto da acumulação de experiências emocionalmente negativas, também não é expectável que a recuperação da harmonia ocorra de forma instantânea. Pelo contrário! A mudança terapêutica requer investimento, tolerância e… tempo.
A aquisição de competências, nesta área, é um desafio difícil, mas frutífero. É certo que nem todas as pessoas são capazes de ultrapassar as dificuldades conjugais. Nem todos os casamentos são, por isso, recuperáveis. Aliás, nalguns casos, o pedido de ajuda resulta mais de uma tentativa desesperada de um dos membros do casal, ainda que o outro já se sinta “emocionalmente divorciado”. No entanto, quanto maior é o investimento dos membros do casal – dentro e fora do consultório – e o seu comprometimento com as mudanças desejadas, maior é a probabilidade de sucesso. Claro que esse comprometimento é directamente proporcional à resiliência e à capacidade de identificar, no meio da tempestade, pontos positivos na relação amorosa.
À medida que a insatisfação se instala, os momentos positivos tendem a ser “apagados” da memória dos membros do casal, que se centram nos aspectos negativos e se sentem a cada dia mais desesperançados. Fixam-se, então, no que há de mais negativo no outro e alimentam a expectativa de que é possível mudar o cônjuge. Esse é, aliás, um dos maiores inimigos da satisfação conjugal, já que se trata de uma tarefa impossível, como já tive oportunidade de referir.
Identificar claramente os problemas da relação conjugal é muito mais do que um acto de contrição. Dessa análise também faz parte, por exemplo, o reconhecimento de que há defeitos do nosso cônjuge que sempre existiram e com os quais temos que lidar, caso queiramos manter a relação, e a assunção de que nem todos os problemas são solucionáveis.
Como cada história, cada percurso de vida, é único, é natural que cada processo terapêutico seja diferente, rico em especificidades. Dependendo das lacunas identificadas, a restauração da satisfação conjugal pode depender do aprofundamento do conhecimento mútuo, do desenvolvimento da capacidade de cada um dos cônjuges para se deixarem influenciar pelo outro, da gestão das emoções e/ou da aquisição de competências relacionadas com a comunicação conjugal.
Como escrevi em 2004, no livro “Sobreviver à Crise Conjugal”, é preciso reconhecer que se ama e que se quer continuar a amar.
De um modo geral, as dificuldades associadas a uma “crise conjugal” não surgem da noite para o dia – ainda que, por vezes, os membros do casal possam considerar que o mal-estar está associado a um episódio ou mudança recente. Na verdade, é preciso tempo para que as dificuldades cristalizem e para que a insatisfação tome conta da vida de um casal, fazendo com que apareçam padrões como o sarcasmo, isolamento, o retraimento, o desprezo, o descrédito, a desconfiança ou a atitude defensiva. Ora, se um casamento pode levar anos a deteriorar-se e se a insatisfação conjugal é quase sempre fruto da acumulação de experiências emocionalmente negativas, também não é expectável que a recuperação da harmonia ocorra de forma instantânea. Pelo contrário! A mudança terapêutica requer investimento, tolerância e… tempo.
A aquisição de competências, nesta área, é um desafio difícil, mas frutífero. É certo que nem todas as pessoas são capazes de ultrapassar as dificuldades conjugais. Nem todos os casamentos são, por isso, recuperáveis. Aliás, nalguns casos, o pedido de ajuda resulta mais de uma tentativa desesperada de um dos membros do casal, ainda que o outro já se sinta “emocionalmente divorciado”. No entanto, quanto maior é o investimento dos membros do casal – dentro e fora do consultório – e o seu comprometimento com as mudanças desejadas, maior é a probabilidade de sucesso. Claro que esse comprometimento é directamente proporcional à resiliência e à capacidade de identificar, no meio da tempestade, pontos positivos na relação amorosa.
À medida que a insatisfação se instala, os momentos positivos tendem a ser “apagados” da memória dos membros do casal, que se centram nos aspectos negativos e se sentem a cada dia mais desesperançados. Fixam-se, então, no que há de mais negativo no outro e alimentam a expectativa de que é possível mudar o cônjuge. Esse é, aliás, um dos maiores inimigos da satisfação conjugal, já que se trata de uma tarefa impossível, como já tive oportunidade de referir.
Identificar claramente os problemas da relação conjugal é muito mais do que um acto de contrição. Dessa análise também faz parte, por exemplo, o reconhecimento de que há defeitos do nosso cônjuge que sempre existiram e com os quais temos que lidar, caso queiramos manter a relação, e a assunção de que nem todos os problemas são solucionáveis.
Como cada história, cada percurso de vida, é único, é natural que cada processo terapêutico seja diferente, rico em especificidades. Dependendo das lacunas identificadas, a restauração da satisfação conjugal pode depender do aprofundamento do conhecimento mútuo, do desenvolvimento da capacidade de cada um dos cônjuges para se deixarem influenciar pelo outro, da gestão das emoções e/ou da aquisição de competências relacionadas com a comunicação conjugal.
Como escrevi em 2004, no livro “Sobreviver à Crise Conjugal”, é preciso reconhecer que se ama e que se quer continuar a amar.