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6.1.09

SINAIS DE QUE UM CASAMENTO ESTÁ EM RISCO



Nenhum casamento (ou relação amorosa) é imune a problemas, mas ainda que qualquer adulto razoável seja capaz de assumir que nenhuma relação conjugal é um contínuo mar de rosas, dificilmente ouvimos alguém afirmar que atravessa uma crise conjugal. A expressão, quase sempre usada para rotular outras relações, acarreta um nível de perigosidade que poucas pessoas estarão dispostas a reconhecer. Claro que aqueles que assumem que a sua relação está em risco podem, pelo menos, agir atempadamente. Os mais exímios na arte de escamotear os sinais de que o casamento está em risco vivem uma espécie de “paz podre”, mas a ruptura é só uma questão de tempo. Neste caso, a vergonha associada à assunção de que há dificuldades sérias no casamento e a relutância em pedir ajuda permitem que os problemas cresçam, minando várias áreas da conjugalidade, como se se tratasse de uma doença terminal.

O primeiro sinal de que um casamento não está bem diz respeito ao arranque das discussões. Apesar de os conflitos conjugais implicarem normalmente uma boa dose de tensão, de um modo geral a escalada vai crescendo gradualmente. Quando as dificuldades conjugais atingem um ponto próximo da ruptura não são precisos mais do que 3 minutos para que pelo menos um dos membros do casal esteja absolutamente enervado. Mesmo que não haja gritos, mesmo que as palavras sejam ditas num tom aparentemente calmo, é possível identificar nestes casais elevada agressividade logo no início da discussão. A “conversa” começa imediatamente com uma crítica ou com o uso do sarcasmo e termina, inevitavelmente, de forma negativa. Imaginemos um casal a discutir sobre a divisão das tarefas domésticas: um arranque ríspido implicaria, por exemplo, que a mulher “bombardeasse” o marido, logo nos primeiros minutos com comentários destrutivos como “Pedi-te para tratares da loiça e não o fizeste. Ontem tive que despejar o lixo que te esqueceste de levar. Agora perguntas-me se quero que faças o jantar! Eu já não sei se tu és capaz de fazer alguma coisa sozinho!”.

Outro sinal de que o casamento está (seriamente) em perigo é a presença de indicadores de desprezo entre os membros do casal. Gozar com o cônjuge, usar humor hostil ou expressões sarcásticas não é propriamente o mesmo que fazer uma “boa” piada. Algumas pessoas juram a pés juntos que os seus comentários sarcásticos são apenas piadas, mas na verdade trata-se de puro veneno, que deixa marcas e que, a prazo, é fatal.

A forma mais óbvia de desprezo conjugal é a utilização de nomes feios. Ainda que se peça desculpa, quando o desrespeito pela pessoa que se ama atinge o ponto de serem trocados os maiores insultos, algo está muito mal.

Mas também é possível desprezar o cônjuge sem abrir a boca. Quando um dos membros do casal revira os olhos enquanto o outro fala está a demonstrar toda a repugnância que sente. A mensagem que emite é algo do tipo “Já não te posso ouvir. Odeio-te”.

De um modo geral, o desprezo manifestado por um dos cônjuges leva o outro a adoptar uma postura excessivamente defensiva, o que constitui outro sinal de que o casamento está em risco. Quando os membros do casal são incapazes de recuar nos seus ataques ou de pedir desculpa, estão a fazer com que o outro se sinta culpado, o que potencia a escalada, eterniza o braço de ferro (“Eu sei que tenho razão e por isso não lhe devo desculpas”) e acaba por ser fatal.

Nos casamentos mais longos há outro sinal que salta à vista e que é muito mais frequente nos homens: trata-se do isolamento. Neste caso, mesmo que a mulher se farte de gritar, o marido é incapaz de desviar a sua atenção da TV ou do jornal, o que faz com que a esposa se sinta cada vez mais enervada. Quanto mais ela se irrita, mais ele procura evitá-la, podendo mesmo deixá-la a falar sozinha, retirando-se. Neste caso não há apenas uma evitação da discussão – há um desligamento da própria relação (“Já não quero saber”).

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