A preocupação e o nervosismo fazem parte da vida de qualquer adulto, sem que daí resulte a necessidade de qualquer intervenção médica ou psicoterapêutica. Dentro de certos limites, a ansiedade é útil e adaptativa, já que nos permite estar mais alerta e, consequentemente, melhor preparados para enfrentar uma série de desafios do quotidiano. No entanto, a partir do momento em que os níveis de ansiedade comprometem as nossas actividades diárias, já não estamos a falar de ansiedade normal, mas sim de ansiedade patológica, que deve ser tratada. A partir do momento em que o problema foge ao nosso controlo é possível escolher a alternativa que melhor se ajusta às nossas necessidades, sendo que quanto mais precoce for o pedido de ajuda, melhor.
Durante muito tempo os transtornos de ansiedade foram subdiagnosticados em crianças e adolescentes, em parte porque quanto menor for a idade da criança, menor é a probabilidade de a ouvirmos expressar palavras como “preocupação” ou “nervosismo”. Felizmente, os técnicos de saúde mental e os clínicos em geral estão hoje mais atentos ao reconhecimento destas perturbações.
As crianças que sofrem de perturbações ansiosas tendem a evitar interacções sociais e atrasam-se no que diz respeito às etapas de desenvolvimento associadas a cada idade. Este afastamento contribui para o insucesso na aquisição de competências sociais importantes e tem impacto em termos futuros. Assim, ignorar a existência de um transtorno de ansiedade em crianças e jovens implica riscos que se estendem à idade adulta e que incluem insucesso académico, consumo de substâncias, fobias e depressão.
Cerca de 20% das crianças e jovens sofre de preocupação excessiva, mas isso nem sempre é verbalizado. Em muitos casos o transtorno de ansiedade é exteriorizado através de queixas físicas (dores de barriga, por exemplo); mas o problema também pode ser manifestado através de agitação e evitação social (não querer ir à escola, por exemplo).