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25.5.09

COMÉDIAS ROMÂNTICAS: SIM OU NÃO?


Um estudo do psicólogo escocês Bjarne Holmes analisou o conteúdo de uma amostra de 40 comédias românticas made in Hollywood, revelando que esta categoria de filmes descreve as relações amorosas de forma contraditória. Nestas histórias as relações têm tanto de um namoro recém-iniciado como de um casamento de 30 anos. Estes amores contêm a novidade e a excitação, mas são simultaneamente reveladores de uma grande intimidade emocional. Mais: estas relações estão envolvidas numa grande dose de idealismo e os erros cometidos acabam por ter um peso insignificante a longo prazo.

Os seguidores mais atentos do blogue, em particular aqueles que assistem aos vídeos que vou partilhando, lembrar-se-ão que eu disse, em directo num programa de TV, que gosto muito de comédias românticas MAS eu sei que cada uma daquelas histórias é uma COMÉDIA. Eu acredito que é possível assistir a filmes como “Um Amor Inevitável” (“When Harry Met Sally”) ou “O Diário de Bridget Jones” e encará-los como divertidas histórias de amor sem estar à espera de encontrar a alma gémea!

O autor do estudo não se centrou exactamente na forma como a generalidade da população encara este tipo de filmes. No entanto, e a partir de outros estudos no âmbito da Cognição Social, refere que as pessoas que assistem a comédias românticas podem encarar os comportamentos que ali são evidenciados como padrões aplicáveis às suas próprias relações. E avisa: as comédias românticas podem gerar frustração e insatisfação conjugal.

A primeira grande contradição deste tipo de filmes, e que acredito que seja perceptível pela generalidade dos espectadores (não é preciso ser-se psicólogo) diz respeito ao facto de, a par de todos os sorrisos e borboletas no estômago característicos destas paixões repentinas estarem declarações de amor profundíssimas. Alguns personagens declaram-se perdidamente envolvidos (leia-se: querem envelhecer ao lado daquela pessoa, largariam tudo por ela) ao fim de… uma semana! Ah, claro, e depois casam.

A importância do casamento é outra ideia intrigante, já que, nas comédias românticas, o casamento (cerimónia) é visto como o expoente máximo da relação. Ora, também não é preciso ser-se terapeuta conjugal para saber que o dia do casamento é só o primeiro dia do resto da vida daquelas pessoas. É interessante notar que filmes como “He’s just not that into You” ilustram de forma quase brilhante o desespero de algumas (muitas?) mulheres em relação ao casamento. Mas, ao mesmo tempo, quase todas as comédias românticas descrevem as pessoas casadas como infelizes e/ou entediantes. É como se, na prática, casar fosse a melhor coisa do mundo e estar casado fosse… a pior.

Como numa comédia romântica as manifestações de amor são exacerbadas, uma cena em que o casal se beije apaixonadamente, independentemente do sitio onde esteja e/ou das pessoas que o circundem é vista como banal, pelo que o autor teme que os espectadores assimilem a ideia distorcida de que os casais felizes estão sistematicamente a exteriorizar aquilo que sentem, mesmo que se encontrem em locais públicos, por exemplo. Ou pior: estes filmes podem fomentar a impressão de que as manifestações públicas de amor romântico são um barómetro da satisfação conjugal.

Finalmente, @s solteir@s são invariavelmente descrit@s como pessoas tristes, solitárias, inseguras e frustradas.

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