Apesar de se tratar de um problema que afecta uma grande parte da população jovem, a depressão na adolescência continua a ser um transtorno subdiagnosticado. Na verdade, poucos adolescentes deprimidos recebem acompanhamento adequado. Como na esmagadora maioria dos casos os adolescentes estão dependentes dos pais – do ponto de vista financeiro, mas também ao nível das deslocações, por exemplo-, o pedido de ajuda depende não só da forma como o adolescente se sente, mas também da comunicação que existe na família e da percepção que os pais (e outros educadores) têm (ou não têm) acerca do problema. A estas barreiras juntam-se outras preocupações: o custo do tratamento, aquilo que os “outros” podem pensar, dificuldades em encontrar um profissional adequado e dificuldades em conciliar o horário do adolescente com o horário dos pais.
Nalguns casos o transtorno depressivo só é “descoberto” quando as consequências se manifestam em termos académicos ou quando o comportamento do adolescente desencadeia problemas sérios de relacionamento.
O que é alarmante é que diversos estudos nesta área têm demonstrado que um adolescente deprimido que não receba tratamento adequado tem maior probabilidade de enveredar por caminhos menos saudáveis, como o consumo de álcool e drogas, gravidez precoce, depressão na idade adulta e até suicídio.
A adolescência é, como se sabe, a fase da vida em que queremos, sobretudo, ser “normais”, iguais aos outros. Qualquer diferença ou vulnerabilidade sobressai entre o grupo de pares e pode ser alvo de sarcasmo ou até de violência (física ou psicológica), como acontece no Bullying, pelo que é fácil perceber porque é que alguns adolescentes resistem ao tratamento. A ideia de que alguém da escola ou do grupo de amigos possa tomar conhecimento de que aquele jovem está a ser acompanhado por um psicólogo ou que está a fazer medicação antidepressiva pode ser aterradora. Ninguém quer ser visto como “anormal”, como um “freak”. No entanto, o facto de negarem a existência do problema e não receberem acompanhamento adequado pode levá-los a comportamentos inadaptativos que os fazem sobressair pelos piores motivos.
Os professores, os psicólogos escolares e os médicos de família constituem recursos fundamentais na detecção precoce do problema e no encaminhamento de cada situação. Não havendo propriamente nenhuma medida 100% segura, cada uma das pessoas que contribui para a educação/ formação de um adolescente pode ajudar em alguma medida para que um número maior de adolescentes receba tratamento adequado.