São populares as investigações referentes às diferenças de género – sejam elas fruto de pesquisas sérias ou de teóricos de algibeira. Quase todas as pessoas revelam algum interesse por conclusões que enfatizem as diferenças entre homens e mulheres. Em última análise, conceber as relações conjugais acentuando essas diferenças trará uma paz ilusória.
Claro que existem estudos sérios, como aquele de que resolvi falar hoje. Se já aqui falei sobre o impacto da insatisfação conjugal na saúde de homens e mulheres, é altura de reconhecer que os casamentos infelizes e desgastados afectam mais a saúde feminina do que a masculina. A consumição de um casamento tumultuoso – não necessariamente marcado por discussões acesas – coloca as mulheres sob risco mais elevado de sofrer de doenças cardíacas devido a depressão, hipertensão arterial e obesidade.
É óbvio que a saúde de um marido insatisfeito também é afectada – num casamento infeliz, o homem também pode sentir-se deprimido, como o comprovarão todos os terapeutas conjugais. No entanto, o risco associado à síndrome metabólica - condição caracterizada pela presença de obesidade à volta da cintura, hipertensão e distúrbios no metabolismo da glicose e insulina – é muito menor. Aparentemente, o descontrolo hormonal provocado pelo stress conjugal associado à depressão poderá explicar estas alterações fisiológicas.
Dentre as mulheres insatisfeitas com o seu casamento é possível encontrar muito mais casos de aumento dos níveis de triglicéridos no sangue e diminuição dos níveis do “bom” colesterol, o que implica também o aumento da probabilidade de virem a sofrer de diabetes ou de AVC.
Estas conclusões são particularmente relevantes se tivermos em consideração que as doenças cardiovasculares constituem a primeira causa de morte tanto de homens como de mulheres. E se já é possível recomendar a quem sofra de síndrome metabólica a prática regular de exercício físico ou a implementação de uma dieta equilibrada, seria, no mínimo, abusivo propor que estas mulheres deixassem os respectivos maridos!
Importa, sim, admitir que as mulheres são mais sensíveis e reactivas aos problemas associados às suas relações afectivas e que o investimento na promoção da satisfação conjugal e familiar influenciará a saúde física e psicológica.