O período que antecede o Natal é, para muitas pessoas, uma altura de festa, de celebração. Para a maior parte das famílias esta é também a altura do ano em que, por causa dos subsídios de Natal, surge algum desafogo que permite o acesso a bens e serviços que potenciam a sensação de bem-estar imediato. Mas para muitas pessoas esta é também uma fase particularmente stressante, muito por culpa das preocupações financeiras. Como os gastos associados às festas nem sempre são proporcionais ao rendimento, e porque o desemprego é uma realidade cada vez mais generalizada, é natural que se instalem níveis de ansiedade elevados.
Desengane-se, no entanto, quem estiver convencido de que esta é uma realidade exclusiva das famílias portuguesas. Um estudo desenvolvido pela Associação Americana de Psicologia mostra que, naquele país, os problemas associados à gestão financeira ocupam a liderança das preocupações, constituindo a maior fonte de stress, tanto dos adultos, como das crianças. Mais de 70% dos americanos revelaram que a gestão financeira é uma fonte de stress significativa. E, ao contrário, do que boa parte dos pais imagina, há muitas crianças (30%) que se preocupam com a possibilidade de os pais não terem dinheiro suficiente para suportar as despesas familiares.
Compete-nos a nós, adultos, gerir estas preocupações de forma tão ajustada quanto possível, particularmente porque dessa gestão emocional também depende a estabilidade das crianças. E há algumas estratégias que se pode seguir:
1. Tirar tempo para o próprio. Este é um período de grande azáfama. Para algumas pessoas, o Natal implica muitas correrias, muitos quilómetros percorridos. Ora, quanto maior for a nossa capacidade parar pararmos e dedicarmo-nos a actividades que possam contribuir para que nos sintamos relaxados, melhor. Isso pode implicar andar a pé, ler um livro no aconchego do lar ou participar nalgum hobby.
2. Voluntariado. Não é a primeira vez que faço referência aos benefícios terapêuticos do voluntariado. As pessoas que dedicam uma parte do seu tempo a ajudar os outros – através do Banco Alimentar ou de qualquer outra instituição – vêem os seus níveis de bem-estar elevados.
3. Definir expectativas realistas. O Natal é a época do ano em que a nossa imaginação nos leva mais facilmente a criar expectativas idealistas. Desejar uma festa perfeita implica quase sempre uma boa dose de frustração. Importa que sejamos flexíveis e que encaremos os obstáculos como oportunidades para evidenciarmos a nossa força interior. É possível fazer um orçamento realista para a lista de presentes.
4. Definir prioridades. Todos conhecemos o carácter comercial das festas de fim-de-ano e todos nos deixamos levar por algum consumismo. Mas é importante que nos focalizemos no que é realmente importante. Esta é, ou deve ser, sobretudo, uma oportunidade para reunir a família e confraternizar.
5. Procurar ajuda. Falar sobre dinheiro (ou falta dele) é quase sempre um tabu. São muitas as pessoas que se fecham sobre si mesmas, tentando gerir as suas preocupações sem ajuda. Mas a verdade é que quando exteriorizamos a nossa ansiedade, torna-se mais fácil estruturar os nossos pensamentos e encontrar soluções. A família e os amigos podem não ser capazes de resolver os nossos problemas, mas constituem uma fonte de apoio emocional que não deve ser desvalorizada. No entanto, se o sufocamento provocado pela ansiedade se prolongar no tempo, importa que sejamos capazes de recorrer à ajuda especializada. Aquilo que se espera de um psicólogo é que seja capaz de ajudar a gerir o stress e a encarar os problemas de forma eficaz.