Praticamente desde o início deste blogue que me refiro aos benefícios e aos perigos da utilização da Internet. Tratando-se de uma ferramenta de trabalho indispensável nos dias de hoje, mas também uma plataforma de comunicação capaz de estreitar laços, divulgar causas e ajudar na procura de bens e serviços, é difícil imaginar a nossa vida sem Internet. Mas, como também já referi aqui, existem algumas pessoas que recorrem à Internet de forma compulsiva, substituindo até boa parte do convívio social pela navegação na Web. Como (quase) todos os leitores saberão, o isolamento social anda, de um modo geral, de mãos dadas com os transtornos depressivos, gerando ciclos viciosos alarmantes.
Um estudo em grande escala evidenciou uma ligação entre a existência de sintomas depressivos e o tempo que se gasta a navegar na Internet, mostrando que as pessoas com depressão desenvolvem hábitos compulsivos nesta matéria, substituindo a interacção social “real” pelas salas de chat e pelos sites de redes sociais como o Hi5 ou o Facebook. Até a procura de emprego tem sido transformada no envio e recepção de e-mails – envia-se currículos e recebe-se as últimas ofertas de emprego por e-mail. Teoricamente, esta seria uma vantagem, capaz de poupar tempo e dinheiro. Mas a verdade é que quem está desempregado precisa ainda mais de socializar, sob pena de se afundar no desespero.
Estamos cada vez mais familiarizados com o pagamento de contas online, através do Internet Banking, fazemos compras online e já não trabalhamos sem o recurso ao e-mail. Mas há uma pequena parcela da população que tem seríssimas dificuldades em controlar o tempo que passa online, ao ponto de este hábito interferir com a realização de actividades diárias e com a saúde mental. Trata-se de 1,2 por cento da população, um número pequeno, mas inferior à incidência do jogo, que é de cerca de 0,6 por cento. O uso excessivo da Internet está associado à depressão, mas o que nós não sabemos é o que é que vem primeiro – serão as pessoas deprimidas mais propensas ao uso compulsivo da Internet ou será este hábito o desencadeador de estados depressivos? O que está claro é que o uso excessivo da Internet pode ser um sinal de alarme para este transtorno.