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17.2.10

NERVOSISMO E PREOCUPAÇÃO CONSTANTES: TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA

As pessoas com transtorno de ansiedade generalizada partilham, além de um vasto conjunto de sinais e sintomas, a ideia errada de que são as únicas no mundo cujas vidas são assustadoramente comprometidas por níveis de ansiedade tão horríveis. O sofrimento a que estão habituadas – porque em muitos casos este é um problema que teve origem na infância – fá-las pensar que terão de viver assim para sempre, conformando-se com o rótulo de “nervosas” ou “stressadas”. Habituaram-se a ser diferentes, acomodaram-se à ideia de que não são como as outras pessoas e, em função destas crenças irracionais, sofrem muitas vezes sozinhas, ao mesmo tempo que se queixam da incompreensão daqueles que as rodeiam. E é efectivamente difícil lidar com alguém que sofra deste transtorno. É difícil compreender porque é que alguém se deixa dominar por níveis de ansiedade extremos face a tarefas aparentemente simples e rotineiras. É difícil compreender o que as leva a processar de maneira tão negativa determinados estímulos – a vê-los como ameaçadores. É difícil colocarmo-nos na pele dos outros. E o que fazemos perante a incompreensão? Em muitos casos, ignoramos, desvalorizamos, ou pior, fazemos juízos de valor.

Compreender este transtorno implica aceitar que existem alterações no cérebro destas pessoas que as impedem de controlar as suas emoções de forma “normal”. Nestes casos, a vida destas pessoas é marcada por medos muito intensos, incertezas constantes, preocupações excessivas e, não raras vezes, por uma luta diária para levar a cabo as tarefas do dia-a-dia. Para estas pessoas, até podem existir momentos em que não se sentem completamente consumidas por preocupações, mas a ansiedade está quase sempre presente, mesmo que não haja nenhuma razão aparente. Por exemplo, é frequente ouvi-las referirem-se à preocupação intensa com o bem-estar e a segurança dos seus entes queridos, ou a pressentimentos de que algo de mau possa estar para acontecer.

Tratando-se de uma perturbação crónica, o tratamento deve ser contínuo. Como há uma probabilidade relativamente elevada de que aquela pessoa volte a ficar excessivamente ansiosa, particularmente em função de eventos stressantes, é importante reconhecer os benefícios que decorrem da ajuda médica e psicológica. De resto, a assunção de que se precisa de ajuda é um passo importante para evitar que este transtorno se agrave, dando origem a outras alterações físicas e emocionais, como a depressão, o abuso de substâncias, perturbações do sono ou problemas digestivos.

Existem, sem exagero, milhões de pessoas em todo o mundo com transtorno de ansiedade generalizada. Assumir as dificuldades que estão por detrás desta perturbação não faz delas pessoas mais fracas. Pelo contrário, é preciso muita coragem para enfrentar o preconceito e a desinformação. É preciso força para dar os primeiros passos e falar sobre o problema. É preciso enfrentar barreiras internas para falar em voz alta sobre a dor emocional e/ ou sobre o trauma. Tudo isto pode ser muito duro, mas o problema agrava-se quando não é exteriorizado.

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