São muito raros os pedidos de ajuda em terapia de casal em que não esteja instalado um dos três padrões de comunicação mais perigosos. E, ainda que todos os casais reconheçam que precisam de ajuda para aprender a comunicar de forma mais eficaz (leia-se emocionalmente mais inteligente), um dos primeiros passos para que as mudanças terapêuticas se concretizem consiste na identificação destes padrões. Como costumo afirmar em sede de terapia, é preciso que cada um dos membros do casal seja capaz de reconhecer de que forma está a contribuir para a eternização dos problemas. Aparentemente, esta é uma tarefa fácil. Na prática pode ser muito difícil assumir os erros.
Um dos padrões comunicacionais mais comuns (e mais frequentemente gerador de ciclos viciosos intermináveis) é marcado pelo ataque pessoal. Ambos fazem críticas ferozes ao comportamento do cônjuge, pelo que lhe chamo “braço-de-ferro“. Este padrão comunicacional aparece quando os membros do casal se sentem já muito feridos ou vulneráveis e julgam que perderam o controlo do seu casamento. A relação parece cada vez mais insatisfatória e insegura e o cônjuge é visto como uma pessoa hostil e imatura. Independentemente disto, os membros do casal continuam a amar-se e, portanto, a sofrer terrivelmente. O segredo para travar o ciclo vicioso passa por reconhecer que não há necessariamente um culpado.
Neste tipo de discussões a vitimização é frequente – um dos membros do casal começa a dada altura a desfiar o rol de exemplos de tudo o que o outro fez de mal para demonstrar que tem razão. Mas a verdade é que acusar o cônjuge só serve para aumentar o fosso. Esta tentação de querer "ganhar" a discussão e fazer com que o outro admita o(s) seu(s) erro(s) faz parte da armadilha.
Só quando cada um é capaz de reconhecer que o outro erra, sim, mas porque também se sente perdido, é possível começar a falar sobre as suas reais emoções. E isso, quase sempre, depende da ajuda especializada.