É sabido que os transtornos depressivos condicionam a nossa capacidade para usufruir daquilo que vamos construindo. O pessimismo, o desinteresse generalizado e a desesperança são elementos quase sempre presentes nos casos de depressão e podem estender-se à relação conjugal. Especificamente, o facto de uma pessoa estar deprimida pode condicionar a sua percepção sobre a qualidade da relação.
Conheço bem esta consequência da doença e sei que é tão difícil para o doente como para o cônjuge lidar com (mais) este problema. “Será que gosto dele(a)?”, “Estarei deprimido(a) porque deixei de o(a) amar?” são interrogações angustiantes que povoam a mente de muitos dos pacientes com quem tenho trabalhado. Mas a depressão também os pode conduzir a dúvidas como “O que será que o meu cônjuge quer desta relação?” ou “Será que esta relação tem futuro?”.
Quanto mais severos são os sintomas de depressão, maior é, normalmente, a ansiedade associada a estas questões e, claro, maior é a angústia e os sentimentos de culpa. A pessoa sente-se muito insegura e insatisfeita em relação ao seu casamento.
Abordar, em sede de terapia de casal, as questões relacionadas com a segurança emocional é normalmente um passo significativo na ajuda ao tratamento da depressão.