Uma das perguntas que pode fazer parte da primeira consulta de terapia conjugal está relacionada com a forma como os membros do casal se conheceram. Se há meia dúzia de anos havia poucos relatos de que o primeiro contacto teria sido virtual, hoje essa é uma realidade crescente. Ainda que continue a existir algum embaraço, há muito mais casais que assumem que se conheceram através da Internet. A dificuldade desta assunção estará relacionada com os preconceitos que (ainda) circundam esta via de comunicação. Afinal, que “tipo” de pessoas se expõem por esta via? Será fiável a informação que cada um decide emitir?
Antes de mais, as pessoas que se conhecem através da Internet e/ou que procuram companheiros através desta plataforma de comunicação são, genericamente, iguais a todas as outras. Mais: conhecer alguém por esta via não é muito diferente de conhecer pessoas através de amigos comuns ou através de encontros profissionais, como confirma um estudo recente que envolveu mais de 5000 participantes de várias faixas etárias.
Se uma pessoa for dada a novas experiências, é pouco provável que se mostre diferente daquilo que é – porque estas pessoas são naturalmente interessantes. Por outro lado, as pessoas mais extrovertidas tendem a adulterar as descrições referentes aos relacionamentos passados. São naturalmente expansivas, conhecem pessoas novas com facilidade e é provável que tenham vivido várias relações amorosas, mas poderão ocultar estes dados se estiverem à procura de uma nova relação.
Ainda assim, e de um modo geral, as pessoas acabam por revelar-se tal como são. Claro que muitos acabam por dourar a pílula, mas a regra é a utilização de mentirinhas inofensivas – as mulheres mentirão acerca do seu peso e os homens mais frequentemente mentirão acerca do número de relações amorosas passadas, por exemplo. Depois existem casos de mentiras bastante mais sérias e que dizem respeito às intenções de cada um ou até ao estado civil – mas este é um problema comum aos relacionamentos que têm início fora da Web.