Terei ouvido falar pela primeira vez de “esgotamento” por altura do meu ensino secundário. A falta de informação e o desconhecimento de situações próximas em que este rótulo fosse aplicável contribuíram para a ambiguidade acerca deste conceito. Só mais tarde percebi que aquilo a que algumas pessoas se referiam como esgotamento incluía diversas perturbações depressivas e ansiosas. Não sendo um termo clinicamente reconhecido, a palavra esgotamento é comummente usada para resumir o estado de exaustão física e emocional. É frequente ouvirmos falar no esgotamento de estudantes do ensino superior, mas também no esgotamento dos professores e de outros profissionais.
Estudos recentes permitem estabelecer uma correlação entre este estado de exaustão nos adolescentes e o esgotamento dos próprios pais. Os filhos de pessoas que sofrem de esgotamento têm maior propensão de vivenciar o mesmo estado. O “esgotamento escolar” pode ser resumido como um transtorno ansioso crónico que se manifesta através da fadiga, aversão à escola e a sensação de inadequação. Esta exaustão emocional é principalmente partilhada por mães e filhas e pais e filhos – indicando que o progenitor do mesmo sexo funciona como um modelo comportamental para o desenvolvimento deste transtorno.
A exaustão parental parece ter um forte impacto no estilo de educação dos filhos, traduzindo-se na diminuição do interesse e do envolvimento na vida dos filhos adolescentes. Por outro lado, as dificuldades financeiras também se reflectem neste estado de exaustão “compartilhada” – quanto maiores forem os problemas financeiros, maior será o nível de exaustão experimentado.
Tratando-se a adolescência de um período em que ocorrem muitas mudanças - para as quais muitos jovens não se sentem preparados – em que se incluem os desafios apresentados pelo ensino secundário, importa perceber os factores que poderão estar por detrás do esgotamento dos estudantes.