A falta de desejo sexual é uma queixa relativamente comum entre as mulheres e caracteriza-se pela diminuição ou inexistência de vontade de ter qualquer actividade sexual. Sendo uma situação com que algumas mulheres convivem relativamente bem – afirmando até que seriam capazes de viver sem sexo durante muito tempo, não fosse o mal-estar gerado no cônjuge – é mais frequentemente geradora de mal-estar, sofrimento e conflitos.
Tal como acontece em relação à maioria das questões associadas à sexualidade, também nestes casos a desinformação contribui quase sempre para a agudização dos problemas e para o adiamento do pedido de ajuda. Quando os membros do casal desconhecem por completo os motivos que poderão estar na origem desta mudança comportamental, cresce a probabilidade de surgirem discussões infrutíferas e angustiantes sobre o tema, com troca de acusações, conduzindo-os a ciclos viciosos.
Importa, antes de mais, reconhecer que esta é uma perturbação que afecta muitas mulheres em todo o mundo e que pode estar relacionada com factores tão diversos como desequilíbrios hormonais, infecções ginecológicas, diabetes, stress, ingestão de bebidas alcoólicas ou toma de antidepressivos. Além disso, existem causas emocionais específicas, como a depressão pós-parto (tantas vezes não diagnosticada) ou o trauma psicológico, que devem ser alvo de avaliação cuidada.
Aquando do pedido de ajuda, que normalmente é feito a dois, em sede de terapia conjugal ou de terapia sexual, é possível perceber o grau de sofrimento destas mulheres. Esta angústia foi recentemente avaliada num estudo europeu que envolveu milhares de mulheres com esta perturbação. Os investigadores puderam perceber que muitas destas mulheres evidenciam emoções negativas como insatisfação com a sua vida sexual, sentimentos de culpa em relação às dificuldades sexuais e ansiedade.
Uma em cada dez europeias relata diminuição do desejo sexual e ansiedade associada, condizente com o diagnóstico de perturbação de desejo sexual hipoactivo, mas este transtorno nem sempre é correctamente diagnosticado, acentuando os sentimentos de culpa e desorientação.
O diagnóstico depende da resposta às seguintes questões:
- No passado o seu nível de desejo/ interesse sexual era satisfatório para si?
- Houve uma diminuição do seu nível de desejo/ interesse sexual?
- Sente-se incomodada com a diminuição do seu desejo/ interesse sexual?
- Gostaria que o seu nível de desejo/ interesse sexual aumentasse?
- Algum dos seguintes factores pode ter contribuído para a diminuição do seu desejo/ interesse sexual?
· Medicamentos, drogas ou álcool.
· Gravidez, parto recente, menopausa.
· Outras dificuldades sexuais (dor, diminuição da excitação ou anorgasmia).
· Problemas sexuais do seu parceiro.
· Insatisfação conjugal.
· Stress ou fadiga.
Se uma mulher responder afirmativamente às questões 1-4 e negativamente a todos os itens da questão 5, pode corresponder aos critérios para o diagnóstico de Perturbação do desejo sexual hipoactivo generalizado/adquirido.