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24.5.10

A TIMIDEZ E O AMOR

Para a generalidade das pessoas, é relativamente fácil desenvolver novos relacionamentos. Não me refiro a amizades profundas nem tão-pouco a relações amorosas, mas à capacidade para conhecer pessoas novas. Esse é, de resto, o primeiro passo para que possamos, posteriormente, tornarmo-nos amigos ou namorados de alguém. Ora, para as pessoas tímidas esta tarefa é normalmente muito mais difícil – estas pessoas levam muito mais tempo até desenvolverem novas amizades e tendem a conhecer menos pessoas do que as não tímidas. No amor romântico a comparação é idêntica, já que as pessoas tímidas demoram muito mais tempo a conseguir desenvolver um relacionamento amoroso. Por isso, tendem a casar-se mais tarde. É verdade que algumas pessoas sofrem tanto com a sua timidez que chegam a acreditar que vão ficar sozinhas para sempre, mas as estatísticas mostram que as pessoas tímidas têm tanta probabilidade de casar quanto as outras.

O que é, afinal, a timidez? O que diferencia as pessoas tímidas do comum dos mortais? A timidez é marcada pela sensação crónica de ansiedade e inibição social. Estas pessoas temem ser avaliadas/ julgadas pelos outros, pelo que estão sistematicamente preocupadas em deixar uma impressão positiva. Como a preocupação é constante, acaba por haver quase sempre a evitação de eventos sociais em que a pessoa possa sentir-se constrangida/ observada, o que acaba por ser muito limitativo quando se quer conhecer pessoas novas. Por exemplo, em comparação com a população em geral, as pessoas tímidas evitam sentar-se perto de outras pessoas nos locais públicos, evitam tomar refeições com colegas de trabalho que não conhecem bem e, dados os níveis de ansiedade por que passam quando são confrontadas com estas situações, acabam por adoptar comportamentos desajustados, que provocam impressões desfavoráveis. Algumas pessoas, tomadas por este nervosismo, podem começar a falar ininterruptamente, na tentativa de evitar os “silêncios ensurdecedores”; ou podem manter-se permanentemente caladas, passando por arrogantes ou antipáticas.

Mas, como referi antes, a probabilidade destas pessoas casarem e manterem-se num relacionamento a longo prazo é idêntica à do resto da população. Como é que isto é possível? Do mesmo modo que estas pessoas ficam muito ansiosas quando, por exemplo, tomam uma refeição com desconhecidos, tendem a sentir-se confortáveis na presença de familiares e de amigos íntimos e, nestes contextos, acabam por ser vistos como socialmente mais competentes. Em suma, desde que se sintam num ambiente seguro, mostram aquilo que verdadeiramente são.

Mas o que é preocupante é que alguns estudos evidenciam que a timidez pode estar associada a níveis mais baixos de satisfação conjugal. As pessoas tímidas têm mais dificuldade em desenvolver estratégias eficazes de resolução de problemas, até porque se vêem a si mesmas como incapazes de iniciar uma discussão. Mesmo que se sintam insatisfeitas com os laços familiares, sentem-se inseguras para enfrentar os conflitos.

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