De um modo geral, os pais tomam as suas decisões de acordo com aquilo que acreditam ser o melhor para as suas crianças. Todos os pais e mães erram, é verdade. E às vezes nem é por falta de informação. No meu trabalho com famílias deparo-me com alguns erros graves, mas estes estão quase sempre associados à crença de que aquelas escolhas salvaguardariam os interesses das crianças. Acredito, por isso, que a informação rigorosa é uma ferramenta poderosa para que possamos ser melhores pais.
Como já referi aqui antes, a mudança de casa é um dos factores que mais contribui para a instabilidade das crianças aquando de um processo de divórcio. No meio de tantas mudanças, e algumas muito assustadoras, é reconfortante manter o próprio espaço, aquele a que os filhos se habituaram a chamar de lar. Mas não é só nesta altura que a mudança de casa é stressante – mudar para uma cidade diferente, ou até para um bairro diferente, é uma potencial fonte de ansiedade em qualquer idade.
Hoje sabe-se que as crianças que mudam frequentemente de casa têm uma probabilidade mais elevada de verem o seu bem-estar diminuído na idade adulta, em particular se se tratar de pessoas introvertidas. Já se sabia que as crianças que mudam de casa muitas vezes têm um desempenho académico mais pobre e que existe, neste grupo, uma probabilidade maior de ocorrência de problemas de comportamento. Numa pesquisa que acompanhou uma amostra de mais de 7 mil adultos ao longo de dez anos foi possível verificar os efeitos a longo prazo provocados por estas mudanças sucessivas. Quanto mais vezes uma pessoa mudou de casa durante a sua infância, maior é a probabilidade de revelar níveis baixos de satisfação e bem-estar psicológico, e menor qualidade nas relações sociais na adultícia, independentemente da idade, género ou do grau de educação.
Mudar sistematicamente de casa implica uma dificuldade acrescida no que diz respeito à manutenção de relações afectivas a longo prazo, mas esta dificuldade é facilmente ultrapassada por pessoas muito extrovertidas, que fazem amigos com facilidade.
Assim, competirá aos pais cujas carreiras ou outros compromissos impliquem mudanças sistemáticas, avaliar o potencial impacto das suas decisões no bem-estar das suas crianças.