Já todos assistimos aos efeitos da ansiedade e da pressão. Alguns leitores já terão até experimentado a sensação de bloqueio emocional que os levou a um desempenho abaixo do esperado em resposta a uma situação em que se sentiram muito pressionados. São exemplos desta situação:
- O estudante que prepara com afinco a apresentação de um trabalho e que, na hora H, emudece ou gagueja, ainda que teoricamente estivesse preparado;
- O atleta que, na hora de concretizar um penálti e depois de ter treinado a marcação milhares de vezes, falha;
- O candidato que, numa entrevista de emprego, se “esquece” de toda a sua experiência na área.
Esta sensação de asfixia não se resume a um mau desempenho – traduz-se num desempenho que é claramente inferior àquilo de que a pessoa é capaz e/ou que já demonstrou ser capaz no passado e que, desta vez, corre mal em função da pressão para que tudo dê certo. Isto acontece quando o cérebro é condicionado pela distorção de pensamentos. Por exemplo, quando uma pessoa se preocupa excessivamente com a possibilidade de falhar uma apresentação, pode pura e simplesmente “paralisar”. Neste caso a pessoa tenta controlar cada aspecto do que está a fazer, analisando tudo o que pode correr mal, numa tentativa de ser bem-sucedida, mas o controlo excessivo acaba por prejudicá-la. Parar de pensar/ruminar seria, assim, mais eficaz. Muitas vezes um truque tão simples como cantarolar qualquer coisa é quanto basta para evitar esta análise excessiva.
Por outro lado, as situações de pressão intensa podem sobrecarregar a nossa memória de trabalho, que é essencial à concretização das actividades diárias. A memória de trabalho não é mais do que uma espécie de bloco de notas mental que armazena temporariamente as informações importantes para a realização de tarefas comuns. Quando as preocupações crescem, a memória de trabalho pode ficar sobrecarregada, a pessoa bloqueia e não é sequer capaz de levar a cabo tarefas simples com que está amplamente familiarizada.
Uma técnica eficaz na prevenção desta sobrecarga é a meditação. Dez minutos de treino de meditação são suficientes para melhorar o nosso desempenho aquando da realização de um exame escrito, por exemplo.
O stress e a pressão podem prejudicar o nosso desempenho em termos académicos, no mercado de emprego, numa negociação ou numa simples partilha de elevador com o nosso chefe – estas são situações em que a sensação de bloqueio/ asfixia pode levar a que desperdicemos oportunidades.
Lembremo-nos, no entanto, que é a prática que nos ajuda a melhorar. Mais: é do confronto regular com situações potencialmente stressantes que resulta a aquisição de algumas competências que nos ajudam, mais cedo ou mais tarde, a enfrentar situações de pressão intensa.