Todos os dias ouvimos falar de alguma forma de violência sobre as mulheres. Nas relações afectivas, é a violência física que normalmente faz notícia. Mulheres que morrem, mulheres que dão entrada nos hospitais em risco de vida, mulheres gravemente feridas. Muitas vezes é preciso chegar-se a este ponto para que estas vozes cheguem aos jornais. Como já tive oportunidade de referir aqui, a violência emocional é ainda mais frequente do que a violência física, mas, sendo devastadora, é mais mascarável, infelizmente. Hoje refiro-me a uma forma de violência que, não sendo muito falada, faz parte da realidade de muitas mulheres. Poder-se-á dizer que é uma forma de violência emocional combinada com violência sexual e ocorre quando o homem força a mulher a engravidar contra a sua vontade.
Esta pressão ocorre normalmente no contexto de uma relação marcada por outras demonstrações de abuso emocional. Infelizmente, as vítimas nem sempre conseguem travar as imposições, que surgem quase sempre mascaradas por muita manipulação/ chantagem emocional. Com o objectivo de continuar a exercer o seu controlo sobre a vida da mulher o marido é capaz de:
- Ameaçar verbal ou fisicamente a mulher caso esta decida tomar a pílula;
- Esconder/ destruir os comprimidos;
- Tirar o preservativo durante o acto sexual;
- Recusar o uso de preservativo.
A forma eficaz de pôr termo a este abuso de poder é terminar a relação mas, como se sabe, as vítimas de violência emocional têm muitas dificuldades em romper com estes ciclos de negatividade – por estarem financeira e emocionalmente dependentes dos companheiros ou por estarem já severamente deprimidas.