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5.1.11

ANTIDEPRESSIVOS E PSICOTERAPIA

O aparecimento de sintomatologia ansiosa e depressiva conduz invariavelmente a uma questão antiga – que tipo de ajuda pedir? Devo recorrer a um psicólogo? Ou a um psiquiatra? Precisarei de tomar alguma medicação? Devo fazer psicoterapia? Bastar-me-á consultar o médico de família? Cada caso contém as suas próprias especificidades, que podem implicar algumas variações mas, de um modo geral, a combinação de medicação com psicoterapia é a via mais eficaz para o alcance de resultados sólidos. Infelizmente, poucas pessoas recebem a resposta mais ajustada para as suas necessidades, sendo os constrangimentos financeiros e a falta de informação as principais causas desta situação.

O consumo de antidepressivos (e de ansiolíticos) tem aumentado em Portugal e no resto do mundo, o que acaba por ser uma boa e uma má notícia. É uma boa notícia na medida em que isso significa que há mais pessoas a receber ajuda para as respectivas perturbações emocionais, especialmente se tivermos em conta que até há alguns anos o estigma associado à medicação psiquiátrica impedia que muitas pessoas procurassem/ aceitassem esta ajuda. Infelizmente, algumas pessoas continuam a recusar esta forma de intervenção clínica. Na maioria dos casos, temem sentir-se presas/ viciadas a estes medicamentos para o resto da vida e/ou perder a noção da realidade. Desengane-se quem possa considerar que estas são crenças que povoam apenas a cabeça de pessoas com pouca escolaridade, já que qualquer técnico de saúde mental já se deparou com certeza com a dificuldade em desmistificar os preconceitos de pessoas supostamente bem informadas.

Mas se é verdade que é positivo que mais pessoas estejam hoje a receber ajuda através da medicação psiquiátrica, o aumento destas prescrições não deixa de ser simultaneamente uma má notícia, na medida em que muitas pessoas procuram nesta intervenção uma mudança fácil, rápida, indolor, sem que a toma de medicamentos seja devidamente acompanhada. Limitam-se a renovar periodicamente o receituário, buscando nos medicamentos uma espécie de anestesia para os problemas. Claro que na maior parte destes casos a psicoterapia não é sequer equacionada. Estas pessoas agarram-se aos antidepressivos e aos calmantes (ansiolíticos) na esperança de fazer desaparecer a ansiedade e/ou a angústia mas “esquecem-se” de dar os passos necessários à verdadeira resolução dos problemas. Limitam-se a desejar o alívio dos sintomas, ignorando, por exemplo, que em muitos casos é possível reverter a perturbação sem medicação. Por exemplo, a terapia cognitivo-comportamental é particularmente eficaz no desenvolvimento de competências que impedem o paciente de recair em depressão.

Não raras vezes, as pessoas começam por recorrer exclusivamente à ajuda da medicação e como o alívio dos sintomas se esgota ao fim de algum tempo, sentem necessidade de recorrer à ajuda da psicoterapia. Nesta fase, que pode surgir ao fim de anos de toma de medicação antidepressiva e ansiolítica, o cansaço e a vontade de deixar os comprimidos são evidentes. No entanto, e apesar de legítima, a vontade de largar a medicação é contraproducente. Aquilo de que o cérebro precisa é de, finalmente, combinar esta “muleta” com a implementação de mudanças seguras através da terapia.

Embora existam diferentes modelos psicoterapêuticos – uns mais longos do que outros - a terapia é uma forma de intervenção clínica mais morosa do que a toma de medicamentos. As mudanças não surgem com um estalar de dedos, como acontece, por exemplo, ao tomar-se um calmante. É preciso ser-se persistente para alcançar as mudanças desejadas. É natural que, se nos sentirmos fragilizados, queiramos recuperar tão rapidamente quanto possível mas é preciso aceitar que, nalguns casos, não existem soluções rápidas. Os problemas emocionais desenvolvem-se ao longo do tempo e pode demorar algum tempo até que se consiga o alívio real e duradouro dos sintomas.
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