Apesar dos progressos na investigação e da tendência para a cronicidade, o diagnóstico de cancro continua a assustar os doentes e as suas famílias. Independentemente de a descoberta da doença ocorrer numa fase inicial ou numa fase terminal, os cuidados inerentes são por norma intensivos e os tratamentos são agressivos, pelo que é expectável que os familiares mais próximos, e em particular os cônjuges, se sintam muito ansiosos.
Uma enfermeira oncológica sueca estudou o impacto do cancro na saúde física e psicológica dos cônjuges e verificou que no primeiro ano depois do diagnóstico estas pessoas adoecem mais 25 por cento do que o resto da população. Da investigação fizeram parte cônjuges de doentes com cancro colo-rectal, cancro do pulmão, cancro da mama e cancro da próstata.
Não é novidade para ninguém que ter um familiar com cancro acarreta muita preocupação, níveis elevados de ansiedade e a sobrecarga de trabalho – todas estas alterações acabam por exercer pressão sobre a saúde destes cônjuges, sendo a depressão a doença que mais os atinge. No entanto, também a saúde física pode ser afectada, já que neste estudo houve, dentre os cônjuges de doentes oncológicos, um aumento significativo das doenças cardiovasculares, doenças músculo-esqueléticas e doenças abdominais. O aumento mais significativo foi na doença cardiovascular entre cônjuges de pessoas com cancro de pulmão, que aumentou quase 50 por cento.
O estudo também mostrou que, em função do adoecimento, os cônjuges de pessoas com cancro faltaram mais vezes ao trabalho. Dentre os cônjuges de doentes com cancro de pulmão o aumento foi de 70 por cento.