Refiro-me com frequência no consultório às vantagens da prática regular de actividade física. Conheço os benefícios do exercício físico no que diz respeito ao alívio da sintomatologia ansiosa e depressiva e na melhoria do bem-estar geral, pelo que procuro enfatizar esta informação junto das pessoas com quem trabalho. Faço-o inclusivamente junto das recém-mamãs, realçando a importância de se criar rotinas que permitam que as mulheres possam socializar pouco tempo depois do parto, deixando o bebé durante algumas horas por semana aos cuidados do pai ou de outro familiar de confiança. Enfrento quase sempre alguma resistência, já que a nossa cultura enfatiza (e bem) a importância da mãe na vida de um recém-nascido e limita muitas vezes o acesso a actividades que fomentam o bem-estar de toda a família. As mulheres queixam-se de que não têm tempo, não têm com quem deixar o bebé, etc. Mas a verdade é que com algum esforço e, sobretudo, boa vontade, tudo se consegue.
Uma investigação recente veio dar força aos meus argumentos, mostrando que o excesso de peso de que as recém-mamãs tantas vezes se queixam está directamente associado ao stress e à inexistência de actividades desportivas. Neste estudo, em que participaram 60 mulheres que tinham sido mães pela primeira vez, mostrou-se que o excesso de peso no período pós-parto está associado a factores como o Índice de Massa Corporal (IMC) anterior à gravidez, excesso de peso ganho durante a gestação, stress associado à parentalidade e estilo de vida sedentário.
O estudo aferiu o stress parental pedindo que as participantes respondessem a uma escala com afirmações como “Sinto que não tenho tempo para mim” ou “Gosto de ser mãe”. Além disso, mediu-se a prática de actividades desportivas nas 24 horas anteriores, desde a “prática leve” até ao “treino vigoroso”.
Os investigadores mostraram que quanto maior é o stress em relação às responsabilidades parentais, particularmente quando há sinais de depressão, menor é a probabilidade de a mulher estar a praticar alguma actividade física e maior é o IMC. É verdade que a interacção social, normalmente associada a níveis mais elevados de bem-estar e a menos sintomatologia depressiva, está presente nas mulheres com IMC elevado (excesso de peso). Mas, infelizmente, estas interacções sociais dizem respeito a contactos telefónicos, troca de e-mails ou conversas via chat e não propriamente a passeios fora de casa na companhia de outras mães e de outros bebés.
A verdade é que as mulheres com excesso de peso no período pós-parto evidenciam mais sintomatologia depressiva, apesar de se sentirem competentes enquanto mães. As mulheres com IMC mais baixo praticam mais exercício físico e mostram menos sintomas de depressão.