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26.7.11

VÍCIO DA INTERNET

Praticamente todos os meios de comunicação a que hoje temos acesso estiveram de algum modo associados a preocupações com o impacto na saúde, concretamente entre crianças e jovens. Há duas ou três décadas discutia-se com vivacidade a possibilidade de alguns programas de televisão serem nocivos para o desenvolvimento moral e emocional das crianças. Mais tarde, à medida que o sedentarismo substituiu as enérgicas brincadeiras de rua, vieram os alertas a respeito do número de horas passado à frente da caixinha mágica. Paradoxalmente, foi na televisão que assistimos aos debates mais acesos sobre esta matéria. Os pais preocupavam-se com o sedentarismo dos filhos ao mesmo tempo que se resignavam à ideia de os seus serões serem passados em frente à televisão. A páginas tantas, e sem que parássemos para pensar, chegámos à fase em que há um televisor em cada divisão da casa e poucas são as vezes em que a família se reúne fora das refeições.

Na última década a televisão foi gradualmente suplantada pelo computador e pela Internet. Começámos a usá-los maioritariamente em contexto profissional mas o acesso instantâneo ao entretenimento, as novas plataformas de comunicação e a informação tão vasta que a Web nos oferece rapidamente a transformaram num bem de que já não abdicamos em nossas casas. Mais: muitos de nós levam esta dependência ao ponto de nos mantermos online através dos smartphones e outros dispositivos com ligação directa ao Facebook e a outras redes sociais.

O fenómeno tem servido de mote a muitas investigações na área da Psicologia, que, resumidamente, têm mostrado que passamos demasiado tempo ligados à Internet, com prejuízo para as relações afectivas. Como há alguns, as preocupações dos profissionais de Psicologia centram-se no impacto destas mudanças no (comprometimento do) bem-estar de crianças e jovens. O motivo é óbvio: enquanto nós, adultos, temos recursos que nos permitem, se quisermos, dosear o tempo que dedicamos ao lazer e à Internet em particular, os jovens estão ainda a formar a sua personalidade. É naturalmente preocupante constatar que em muitos casos os pais não fazem a mínima ideia dos riscos que os seus filhos correm enquanto estão ao computador, tal como é alarmante verificar que uma larga maioria das nossas crianças trocou os laços afectivos e as brincadeiras presenciais por jogos que até podem ter algum grau de interacção social mas que as impedem de desenvolver competências fundamentais. Sem diabolizar uma estrutura tão importante como a Internet, é importante que interiorizemos que há marcas que resultam do isolamento social prolongado e que podem ser difíceis de ultrapassar. Os transtornos depressivos são mais frequentes entre os jovens que não são capazes de construir verdadeiras amizades - com as vantagens, as dificuldades e as frustrações que lhes estão associadas.

No meio de alguns sinais de alarme com que quase todos os psicólogos clínicos se confrontam em terapia surgem também alguns sinais de optimismo, como uma investigação realizada entre estudantes universitários americanos que nos dá conta de uma ligeira diminuição do tempo dedicado à Internet.
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