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4.8.11

SATISFAÇÃO SEXUAL NOS CASAMENTOS DE LONGA DURAÇÃO

Quase todos os dias somos confrontados com imagens e slogans que nos remetem para o tema da sexualidade. De forma mais ou menos explícita, os meios de comunicação bombardeiam-nos com chavões, receitas, apelos e fórmulas que alimentam a ideia de que, para sermos felizes, é fundamental que sejamos sexualmente atraentes, apetecíveis. Apesar disso, pouco ou nada é divulgado a respeito da importância ou da dinâmica da sexualidade nos casais maduros. É como se o sexo fosse importante aquando do período de conquista e os jogos de sedução que massivamente nos tentam vender não interessassem aos casais que estão juntos há muito tempo.

Mesmo entre as pesquisas realizadas na área da Psicologia da Família e da satisfação conjugal não existem muitos estudos que nos dêem conta desta reflexão. Mas já este ano uma universidade americana divulgou conclusões interessantes e, até certo ponto, surpreendentes acerca da correlação entre a satisfação sexual e a felicidade nos casamentos de longa duração. O estudo envolveu mais de 1000 casais juntos em média há 25 anos, com idades entre os 40 e os 70 anos e oriundos de países tão diferentes como os Estados Unidos, o Brasil, Alemanha, Japão e Espanha. Ao contrário do que muitos esperariam, a investigação mostrou que, a propósito da satisfação sexual, os homens assumem-se como felizes no seu casamento enquanto as mulheres se assumem como satisfeitas sexualmente.

Sendo o divórcio uma etapa que ninguém deseja mas que afecta tantos casamentos (1 em cada 2 em Portugal), estudos como este são pistas importantes a respeito do que pode estar por detrás da satisfação e do bem-estar das pessoas que, estando juntas há décadas, se mostram tão felizes. Por exemplo, os homens revelaram-se mais felizes na sua relação quando os níveis de saúde física eram elevados, sendo que para eles é importante que a companheira atinja o orgasmo. Além disso, a existência de beijos e abraços frequentes são surpreendentemente preditores de felicidade na relação nos homens mas não nas mulheres. Tanto os homens como as mulheres que participaram neste estudo mostraram-se mais felizes quanto maior era o tempo da relação. Por outro lado, para os homens, a existência de mais parceiros sexuais ao longo da vida foi um preditor de menor satisfação sexual.

As mulheres que estavam com o companheiro há menos de 15 anos tinham menor probabilidade de evidenciar satisfação sexual, mas entre as que estavam casadas há mais de 15 anos a percentagem subiu de forma significativa. É possível que as mulheres se tornem mais satisfeitas ao longo do tempo, já que as suas expectativas mudam e os filhos tornam-se autónomos, abrindo espaço para o usufruto da sexualidade em pleno.

Aquilo que sobressai neste estudo é o facto de a satisfação conjugal (estar feliz no casamento) não ser o mesmo que satisfação sexual. Pelo menos, não para todos os casais.
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