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5.9.11

OS DEFEITOS DA PESSOA AMADA

É sabido que o início de uma relação amorosa é marcado por uma certa cegueira em relação ao que há de negativo no comportamento da pessoa amada. Ao mesmo tempo, o facto de estarmos apaixonados faz com que procuremos camuflar ou, pelo menos, minimizar os nossos próprios defeitos e limitações. Estas estratégias são normais e, até certo ponto saudáveis, na medida em que não se tratam de actos maquiavélicos para mascarar a realidade e/ou tentativas de enganar o outro. São meros mecanismos de defesa de quem está apaixonado e não quer perder a pessoa amada. À medida que a relação evolui e os membros do casal se sentem progressivamente mais seguros, cresce a necessidade de se exporem de forma mais completa, mais real, menos utópica. Na prática, sentimos a necessidade de ser aceites pela pessoa que amamos e isso também passa por perceber que ele/ela é capaz de conviver com o nosso lado menos positivo. Nenhum de nós é perfeito e, ainda que seja saudável que tenhamos a ambição de evoluir e livrar-nos de características e hábitos negativos, importa que tenhamos a consciência de que jamais seremos tudo aquilo que o outro gostaria que nós fôssemos e, sobretudo, que a pessoa que amamos também tem defeitos que permanecerão para o resto da vida. À parte falhas de carácter e comportamentos que comprometam o nosso bem-estar, é quase certo que, se quisermos viver uma relação duradoura, teremos de conviver com algum tipo de limitações.

A verdade é que todos nós cometemos erros sérios e todos temos uma ou outra característica de personalidade que nos torna, aos olhos dos outros, pessoas difíceis ou com um certo "mau-feitio". Viver uma relação emocionalmente saudável não significa ter ao nosso lado alguém que nunca erra ou que não tem defeitos sérios. Mas também não pode corresponder a sermos condescendentes com características e hábitos que comprometem a nossa felicidade.
Ser-se emocionalmente inteligente no amor romântico é perceber que, se não existem pessoas perfeitas, há defeitos com que conseguimos conviver e há outros que são incompatíveis com aquilo que queremos para nós, para o nosso projecto de vida.

Quando as máscaras começam a cair e os membros do casal se dão a conhecer e se entregam sem reservas surgem níveis mais elevados de intimidade e segurança mas também alguns conflitos, lutas de poder e processos de negociação. Crescer (do ponto de vista conjugal) passa por discernir sobre aquilo que conseguimos tolerar, aprender a ceder e reconhecer que ainda que existam pessoas sem os defeitos e limitações do nosso cônjuge, essas pessoas terão outras imperfeições, ainda que, à primeira vista, não sobressaiam tanto.
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