O diagnóstico de uma doença séria, como o cancro, está cada vez
mais associado à busca de informação através da Internet. Muitas vezes ainda só há a suspeita de doença e já o doente e/ou os
seus familiares estão a tentar obter informações online sobre os caminhos a
seguir. Claro que os riscos inerentes a estes comportamentos são imensos, já
que a Internet coloca à nossa disposição informação rigorosa e fidedigna mas
também dados cientificamente imprecisos, ultrapassados e, nalguns casos,
absolutamente distorcidos.
Quando um homem recebe o diagnóstico de cancro da próstata, é
natural que se confronte com a possibilidade de, mesmo que o tratamento seja
bem-sucedido, vir a sofrer de disfunção
eréctil. E é aqui que tantas vezes começa o dramatismo, a confusão, o
retraimento e a desinformação. Como continuam a vigorar muitos tabus no que diz
respeito à sexualidade, muitos destes doentes sofrem em silêncio com as
informações dispersas que vão encontrando, deprimindo-se com as consequências
do cancro. A maior parte destes
sobreviventes tem medo de não voltar a sentir desejo ou prazer sexual mas
nem todos conseguem falar abertamente sobre isso com a companheira ou com os
clínicos que os acompanham. Por pudor, embaraço e medo, são muitas as pessoas
que desistem de obter satisfação sexual, acomodando-se a uma vida de casal sem
intimidade física. Para agravar a situação, do outro lado pode estar uma mulher
que iniciou o penoso estádio da menopausa
e que, em função dos sintomas associados, também se retrai.
As investigações recentemente realizadas com sobreviventes do
cancro da próstata e seus cônjuges mostram que é possível melhorar
significativamente a satisfação sexual em cerca de um ano.
A terapia conjugal mostra-se assim eficaz no aumento do desejo sexual feminino, no tratamento da disfunção eréctil
e, principalmente, no aumento do prazer destes casais. Além disso, estes
estudos mostram a pertinência da intervenção terapêutica online - através de
ferramentas de comunicação como o Skype - e não apenas da terapia presencial.
Para algumas destas pessoas é mais confortável aceder à terapia sexual por
videoconferência, na medida em que conseguem desprender-se mais facilmente da
vergonha associada a esta exposição. Surpreendentemente, as melhorias são
claras e sólidas quer quando há terapia
de casal convencional, quer quando há terapia através da Internet. Ao fim
de aproximadamente um ano os membros do casal relatam maior satisfação sexual,
intimidade emocional e bem-estar geral.