A ansiedade de separação pode ser
definida como o nervosismo excessivo
que a criança evidencia quando antecipa
que terá de se afastar temporariamente de um familiar (por norma, a mãe).
Este medo exacerbado pode traduzir-se na recusa em ir à escola, na manifestação
de preocupação com a possibilidade de um dos progenitores morrer e/ou no medo
de dormir sozinha. E como é que se manifesta? Com crises de choro, queixas
psicossomáticas (como dores de barriga), pesadelos, etc.
À medida que as crises se
prolongam no tempo e os pais desesperam porque não conseguem ajudar os seus
filhos, podem surgir alguns episódios de impaciência e intolerância. Sim, os pais também perdem a paciência.
Afinal, os adultos também se cansam e não é com certeza fácil gerir estes medos
aparentemente inexplicáveis, em particular quando incluem muitas noites mal
dormidas, birras diárias antes de sair de casa e outros eventos stressantes.
Cada pai e mãe dá o seu melhor para ajudar as suas crianças mas quando o medo
se confunde com uma tentativa gratuita de chamar a atenção a disponibilidade
pode dar lugar à irritabilidade e à incompreensão.
Mas por que é que as crianças se
mostram tão assustadas? Os agentes stressantes vão desde situações novas (como
a mudança de escola ou a mudança de casa), adoecimento de um dos membros da
família ou mudanças repentinas na rotina da criança. O que acontece é que a criança se sente alarmada e reage
instintivamente em busca de ajuda. De resto, muitas destas crises de
ansiedade assemelham-se às crises de pânico que nós, adultos, tantas vezes
experimentamos – a criança pode sentir fraqueza, falta de ar e uma espécie de
nó na garganta.
De que é que a criança precisa? Que os adultos em quem confia se
mostrem disponíveis, capazes de empatizar com os seus apelos. Precisa que lhe
transmitam segurança, uma base sólida para que se sinta capaz de explorar o
desconhecido. À medida que a criança desenvolve laços seguros com os adultos
mais próximos, sentir-se-á mais apta a confiar noutras pessoas e em si mesma.
Quando a ansiedade se intensifica
e/ou se prolonga por mais de 4 semanas tornando-se incapacitante e/ou
prejudicial ao normal desempenho das actividades, podemos estar perante uma perturbação de ansiedade de separação,
que requer uma avaliação clínica e respectivo acompanhamento psicológico, sob
pena de aquela criança vir a sofrer de um transtorno ansioso ao longo da vida
adulta. A psicoterapia é a resposta adequada aos casos em que a ansiedade de
separação compromete o normal desenvolvimento da criança, na medida em que
permite restituir-lhe a segurança emocional.