a combinação da Psicoterapia com a ajuda farmacológica
é A MELHOR ESTRATÉGIA para dar resposta a
um transtorno depressivo.
Não se trata de uma opinião, mas
de informação que resulta de décadas de investigação na área da Saúde Mental.
Como cada caso é único e especial, e porque a depressão é uma doença com muitas
formas, nem sempre se acerta na medicação à primeira. Do mesmo modo, nem todos
os pacientes respondem à intervenção psicoterapêutica ao ritmo esperado.
É preciso persistência, combatividade e, claro, amparo.
A par do que está convencionado,
qualquer técnico de Saúde Mental reconhecerá que existem OUTROS RECURSOS que podem desempenhar um papel fundamental no
combate a uma doença tão incapacitante e, infelizmente, ainda pouco
compreendida:
EXERCÍCIO FÍSICO
Esta é uma das minhas batalhas no
trabalho com pacientes deprimidos. Se é verdade que a prática regular de exercício
físico é comprovadamente uma fonte de bem-estar físico e emocional, também é
certo que para que qualquer atividade seja praticada com rigor e assiduidade é preciso muita motivação. Ora, uma das
consequências do estado depressivo é precisamente… a desmotivação, o
pessimismo, o desinteresse generalizado. Em teoria, a maior parte dos pacientes
concorda com a importância e as mais-valias da prática de desporto; mas, na
prática, é preciso uma luta quase diária para conseguir que estes doentes
vençam a apatia e experimentem os benefícios deste recurso.
VOLUNTARIADO
Pode parecer contraditório.
Afinal, que sentido fará propor a alguém que muitas vezes mal consegue cumprir
com as suas obrigações profissionais ou académicas que dê de si de forma
desinteressada? A depressão é uma doença incapacitante, sim. Tanto que é uma
das principais causas de baixa médica. Mas isso não apaga o potencial
terapêutico do voluntariado e/ou de outras formas de dádiva desinteressada.
Vejamos: a depressão é, na esmagadora maioria dos casos, marcada por um estado
emocional de profunda tristeza. Por oposição, sempre que fazemos alguma coisa pelos outros de forma gratuita somos invadidos
por um estado de profunda satisfação – e esse estado tanto pode resultar de
um compromisso, como acontece no voluntariado, como de uma ação avulsa quando
ajudamos um idoso a fazer uma operação bancária no Multibanco ou quando
ajudamos um deficiente motor a atravessar a rua. Há um potencial terapêutico
nestes momentos em que despendemos uma parte do nosso tempo “só” para ajudar os
outros. Apesar de não existir uma remuneração ou outra gratificação formal, há
uma compensação que se traduz na elevação do nosso bem-estar. Entre os doentes
com depressão esta pode ser uma ajuda preciosa.
GRATIDÃO
Sabia que as pessoas mais gratas
são genericamente mais felizes? De facto, há um potencial terapêutico nesta
competência social. Quanto mais formos capazes de reconhecer as coisas boas da
nossa vida, maior será a probabilidade de não nos deixarmos abater pelos
eventos mais negativos. No caso dos pacientes com depressão, treinar a gratidão
implica combater ativamente os pensamentos automáticos negativos e as crenças
irracionais que tantas vezes surgem como consequência da doença. Não sendo
fácil, é quase sempre possível encontrar motivos pelos quais possamos estar
gratos (não necessariamente numa perspetiva religiosa).
MEDITAÇÃO
Ao contrário do que muitas vezes
se pensa, a meditação não tem nada de esotérico nem de misterioso. Embora
existam várias técnicas, a meditação clínica pode ser muito importante no
combate aos estados ansiosos que também resultam do humor depressivo. Mas esta
não é a única mais-valia. A prática regular de meditação está relacionada com
um aumento da criatividade, maior capacidade de sentir empatia, maior autocontrolo
e maior capacidade para reagir a estímulos stressantes.