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11.4.12

VOLTAR A VIVER EM CASA DOS PAIS



Até há alguns anos, a saída dos filhos de casa era definitiva. Nos últimos tempos, em função do aumento do número de divórcios e, sobretudo, por causa da crise financeira e do desemprego, há cada vez mais adultos que se vêm forçados a voltar a viver em casa dos pais. Não sendo um passo desejado, pode ser especialmente complicado gerir o facto de as expetativas de uns serem muito diferentes das dos outros, bem como pode ser difícil conviver debaixo do mesmo teto de acordo com regras que – tendo sido funcionais há uma ou duas décadas - já não são ajustadas.

Mas ainda que esta etapa do ciclo de vida seja sobretudo um acidente de percurso indesejado, é possível minimizar os danos aplicando algumas dicas:

1 Lembre-se de que os seus pais estão a fazer-lhe UM FAVOR. É muito fácil começar a implicar com os hábitos de pessoas mais velhas, que aos seus olhos pararam no tempo. Mais: pode ser tentador aproveitar o seu regresso às origens para aplicar regras novas que, do SEU ponto de vista só trariam vantagens. A palavra-chave para que a sua estadia em casa dos seus pais seja bem-sucedida é RESPEITO. Você está de passagem e os seus pais têm o direito de viver a vida como escolheram.

2 Planeie a sua vida de modo a que a sua estadia seja, de facto, TEMPORÁRIA e informe os seus pais acerca dos seus planos. Esta pode parecer-lhe a pior fase da sua vida mas é também a oportunidade para fazer escolhas que lhe permitam percorrer novos caminhos. Se o seu tempo "livre" for passado a dormir ou a ver televisão, é pouco provável que alguma coisa mude significativamente. É preciso arregaçar as mangas, fazer esforços diferentes, sair da sua zona de conforto, em vez de ficar à espera de um milagre.

3 Evite ocupar abusivamente o espaço dos seus pais. Não deixe as suas coisas espalhadas pela casa, ainda que estivesse habituado a fazê-lo em sua casa. Desde que construiu a sua independência, os seus pais criaram novos hábitos e é natural que, ao fim de algumas semanas, se sintam desconfortáveis com algumas mudanças associadas ao seu regresso. Algumas discussões a respeito da (des)arrumação escalam facilmente para braços-de-ferro do tipo "mas tu és mais desarrumado(a) do que eu"... Releia a primeira frase do primeiro ponto e respire fundo :)

4 Seja um hóspede responsável. Limpe e organize o seu quarto. Este é o seu espaço e é absolutamente razoável que reivindique o direito à privacidade mas isso não deve ser confundido com o direito a criar o seu próprio estado de sítio DENTRO da casa dos seus pais. Uma das vantagens de viver em casa própria é precisamente a possibilidade de se arrumar a casa porque/ quando se quer e não porque os pais "mandam" mas qualquer tentativa de boicote à manutenção de um quarto limpo e minimamente organizado é infantil e irresponsável.

5 Mime os seus pais. No meio dos braços-de-ferro que tantas vezes se instalam nestas situações, é fácil esquecermo-nos dos recursos que facilitam a convivência harmoniosa entre adultos. Surpreender os seus pais com um almoço ou um jantar preparado por si fará mais pela vossa relação do que qualquer ruminação à volta das tensões que os afligem.

6 Declare as suas intenções. Se não tem vontade de ir jantar a casa, informe os seus pais, evitando deixá-los "pendurados". Lembre-se de que, para os pais, os filhos são sempre crianças, que precisam de cuidados, que se podem magoar. A ideia de voltar a ter de dar satisfações/ dizer a que horas chega pode parecer-lhe um retrocesso mas é, provavelmente, um caminho ajustado a esta etapa e que evitará tensões desnecessárias.

7 Se os seus pais forem demasiado intrusivos, expresse o seu desagrado (de forma emocionalmente inteligente). Guardar a insatisfação para si pode estar na origem do "efeito panela de pressão". Diga algo como "Eu sei que vocês se preocupam comigo mas quando me dizem "X", eu sinto-me como se tivesse 15 anos". Imponha limites claros sem desvalorizar o esforço de quem gosta de si incondicionalmente.
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