A gravidez é, de um modo geral, um estado de graça para o casal. Como o nascimento de um filho é, cada vez mais, um evento muito planeado, estes 9 meses são normalmente vividos com muito entusiasmo. No entanto, algumas mulheres atravessam esta etapa do ciclo de vida condicionadas pela depressão, sendo que alguns estudos apontam para o facto de o uso de antidepressivos ser uma realidade em aproximadamente 14 por cento das gravidezes. Sendo esta medicação essencial no tratamento de um transtorno depressivo, importa olhar também para os possíveis efeitos secundários.
Um estudo desenvolvido
recentemente no Canadá mostrou que as mulheres que tomaram antidepressivos
durante a gravidez tinham uma probabilidade 53 por cento maior de desenvolver hipertensão do que aquelas que não
tinham tomado estes medicamentos. E o risco é maior (subindo para 60 por cento)
entre as grávidas que tomaram antidepressivos inibidores seletivos da
recaptação da serotonina (ISRS).
O estudo coloca em evidência a
necessidade de os médicos avaliarem cuidadosamente os riscos e os benefícios associados à toma deste tipo de
medicamentos, sendo certo que, se se optar pelo seu uso, é fundamental que haja
uma monitorização precisa.
Importa ainda salientar que as mulheres a quem seja diagnosticada hipertensão
gestacional não devem pura e simplesmente abandonar a medicação, mas antes
consultar o seu médico no sentido de, juntos, decidirem sobre a decisão mais
ajustada. A verdade é que a interrupção abrupta da toma do antidepressivo pode
implicar outros efeitos secundários e/ ou sintomas de abstinência.
E as mulheres que já tomavam
antidepressivos antes de engravidar também não devem interromper a toma por sua
conta e risco. A maior parte dos antidepressivos requer um processo de desmame
que deve ser clinicamente acompanhado. Ao fazer uma interrupção abrupta, a
grávida pode estar a fazer mal à sua saúde, bem como à do seu bebé.
Esta é, portanto, uma questão
muito sensível que, na medida do que for possível, deve implicar a ponderação
cuidada e o recurso a uma equipa multidisciplinar – médico de família, ginecologista,
psiquiatra e psicólogo.