O alcoolismo é um problema que afeta milhares de famílias em Portugal e é também um problema que arrasta consigo um número infindável de outras dificuldades.
São os laços afetivos que se deterioram,
os casamentos que vão por água abaixo,
os filhos que crescem com marcas profundas,
os traumas que os ensombram até à idade adulta,
as dificuldades financeiras,
o fraco desempenho profissional,
a violência doméstica...
E por aí fora.
Só quem tem ou teve um familiar
alcoólico conhece bem o inferno que lhe está associado.
Apesar de se tratar de um
problema que, em muitos casos, após intervenção médica e psicoterapêutica, é
ultrapassado, continua a existir muita controvérsia em relação a uma questão:
O ALCOOLISMO É OU NÃO UMA DOENÇA?
A resposta parece óbvia mas a própria comunidade científica divide-se.
Os Alcoólicos Anónimos funcionam sob o princípio de que o consumo abusivo de
álcool não é uma doença, logo, não pode ser tratado. Pode, isso sim, ser
controlado através da abstinência e com o apoio dos grupos de ajuda. Entre
médicos e psicólogos, ainda que não haja consenso, impera a visão do alcoolismo
como doença que pode ser tratada.
Recentemente foram feitos estudos
que apontam para a possibilidade de alguns medicamentos terem a capacidade de
interromper o ciclo de adição do alcoolismo. No entanto, uma parte da
comunidade médica opõe-se a esta ideia.
Tudo aponta para que o alcoolismo
seja efetivamente uma doença. No entanto, é possível que não se trate apenas de UMA doença, mas de várias.
Tal como não existe apenas um
tipo de cancro, existirão diferentes
tipos de alcoolismo e é por isso que existe tanta resistência à ideia de um
medicamento poder ser a resposta para todas as situações de abuso do álcool.
Nalguns casos, o problema resulta
de alterações genéticas, enquanto noutros tratar-se-á de uma consequência de
outra perturbação, como a depressão ou a perturbação pós stress traumático.
Assim, ainda que a medicação
possa vir a ser ajustada para uns, não será com certeza a solução para todos os
alcoólicos.