Imagine que passaria a ser possível fazer o diagnóstico de depressão na adolescência a partir de uma simples ANÁLISE AO SANGUE. Imagine também que através dessa análise seria possível distinguir entre diferentes tipos de depressão.
Ficção científica?
NÃO.
Na verdade, este meio de diagnóstico
pode estar mais ou menos próximo.
Atualmente o diagnóstico da
“Epidemia do Século” é feito de forma subjetiva, já que depende da capacidade
do próprio paciente para relatar os seus sintomas, bem como da capacidade e da
experiência do terapeuta para os interpretar. No caso específico da depressão
na adolescência é fundamental que esse diagnóstico seja feito tão precocemente
quanto possível, já que os adolescentes
são muito vulneráveis a estados depressivos, que tantas vezes são
escamoteados pelas flutuações de humor típicas desta etapa do ciclo de vida.
Uma equipa de investigadores
norte-americanos anunciou recentemente a criação de um teste laboratorial que
permite identificar diferentes formas da doença. O teste distingue adolescentes
com depressão major daqueles que sofrem de depressão major combinada com
transtorno de ansiedade, o que alimenta a esperança de se poder fornecer um plano terapêutico mais específico para cada
caso. Atualmente, estes doentes são, por exemplo, medicados mais ou menos
da mesma maneira, independente do subtipo de depressão. Assim, esta
investigação levanta a hipótese de, daqui a algum tempo, poder ser prescrita
medicação específica para cada subtipo, como acontece hoje em dia em relação ao
tratamento da diabetes, por exemplo (Tipo 1 e Tipo 2).
Estima-se que a depressão major
atinja 2 a 4 por cento dos pré-adolescentes e 10 a 20 por cento dos
adolescentes.
Além disso,
o surgimento precoce de uma depressão major
implica um prognóstico pior do que
quando a depressão surge na idade adulta.
Um adolescente com depressão não
tratada tem uma probabilidade muito maior de vir a consumir substâncias
ilícitas, evidenciar inadaptação social, desenvolver uma série de doenças
físicas e de cometer suicídio. Sem tratamento adequado, o seu desenvolvimento
emocional é afetado e a doença tende a prolongar-se até à idade adulta.
As conclusões desta investigação,
que correlacionam 11 genes com a depressão, é, provavelmente, apenas a ponta do
icebergue, já que a depressão é uma doença complexa. Mas é também uma janela de
oportunidades para o aparecimento de tratamentos mais rigorosos e específicos.
Infelizmente, muitos adolescentes
continuam a não receber qualquer tratamento para o seu estado depressivo, em
grande parte graças ao estigma que existe à volta desta perturbação, bem como à
pressão do grupo de pares.