Os transtornos depressivos e ansiosos constituem os motivos por que muitas pessoas vêm a sua vida condicionada, chegando, muitas vezes, a sentir-se diminuídas, incapacitadas. Infelizmente, nem todas as pessoas são capazes de reconhecer que o seu estado emocional é o reflexo de uma perturbação de humor que pode e deve ser tratada. De resto, há até muita dificuldade em assumir que se precisa de ajuda especializada.
Algumas pessoas sentem-se
permanentemente num estado de ansiedade anormalmente elevado, marcado pela
agitação motora, aceleração cardíaca, suores e medos, ignorando que há uma
componente depressiva por detrás destes sintomas. Do mesmo modo, outras pessoas
evidenciam sobretudo um humor tendencialmente depressivo, falta de energia e
pensamentos negativos e desvalorizam a componente ansiosa que lhes está associada.
Nem todas as formas de depressão
se manifestam com ansiedade e, do mesmo modo, nem todas as perturbações
ansiosas têm uma componente depressiva mas a verdade é que os dois tipos de perturbações surgem muitas vezes em simultâneo,
transformando o estado emocional de quem delas padece.
Não me refiro evidentemente aos
eventos emocionalmente negativos do ciclo de vida aos quais está associada
alguma dose de tristeza e/ou de preocupação. Como tenho referido, aquando da
perda física de um familiar ou de outras mudanças significativas, é expectável
(e adaptativo) que nos sintamos mais abatidos e/ou muito preocupados. A
exteriorização dessas emoções é saudável e ajuda-nos a amadurecer.
Mas quando a tristeza e a
preocupação se transformam em estados emocionais depressivos ou ansiosos que se prolongam no tempo, roubando
energia, entusiasmo e capacidade de trabalho, o nosso alarme interno deve soar.
Nesse caso, é tempo de pedir ajuda
que seja proporcional à dimensão do problema.
E isso não passa pela toma desregrada de calmantes
que, além de não resolverem o problema,
ainda podem trazer habituação.
Os medicamentos podem ser
importantes no tratamento destas perturbações de humor, sim. Mas isso só
acontece na medida em que a sua prescrição resulte de um diagnóstico clínico
rigoroso e do devido acompanhamento. Mais, os últimos anos de investigação nesta
área dão conta da importância da
Psicoterapia na recuperação sólida e célere destes pacientes. Bem sei que
seria mais agradável podermos tomar um qualquer comprimido milagroso que nos
permitisse recuperar o bem-estar e a estabilidade emocional.
Só que na vida real nenhum problema desaparece por magia.
Mas se é verdade que não há – até
à data – nenhum comprimido milagroso, também é certo que há muito boas notícias para todos os que
se sentem limitados por perturbações depressivas e/ou ansiosas:
A esmagadora maioria das pessoas
que ESCOLHE ser devidamente
acompanhada consegue, ao fim de algum tempo, implementar mudanças importantes
que permitem, em segurança, atingir níveis de bem-estar mais elevados dos que
aqueles que existiam antes do aparecimento destas perturbações.