Nunca como hoje se falou tanto em redes sociais e, paradoxalmente, vivemos numa época em que cada vez mais pessoas se queixam da solidão. No consultório oiço frequentemente queixas do tipo “Não tenho ninguém com quem possa conversar” ou ainda “Passo o fim de semana inteiro fechado(a) em casa sem falar com ninguém”. Desengane-se quem considere que estas queixas provêm de pessoas idosas.
A solidão é um problema que atravessa todas
as camadas da nossa sociedade,
incluindo velhos e novos, ricos e pobres.
E o problema maior reside nas
consequências deste isolamento, já que, como tenho referido noutros textos,
esta é uma dificuldade que anda de mãos dadas com a sintomatologia depressiva.
Quanto mais isolados estivermos,
maior é a probabilidade de nos sentirmos deprimidos.
Por outro lado, o estado
depressivo tende a empurrar-nos para dentro da nossa concha.
Identificado o ciclo vicioso,
importa que sejamos capazes de identificar formas de romper com este padrão.
Antes de mais, é fundamental que sejamos capazes de reconhecer que O PODER ESTÁ NAS NOSSAS MÃOS. A família
alargada está demasiado ocupada? Os amigos de sempre mostram-se indisponíveis
para nos aturar? Talvez valha a pena olharmos para dentro e refletirmos sobre
aquilo que estamos capazes de dar às nossas relações afetivas.
Algumas pessoas entregam-se ao
desespero e, sem darem por isso, transformam-se em companhias desagradáveis, na
medida em que estão quase sempre a queixar-se, a lamuriar-se. É preciso travar
essa escalada de negatividade, tomar as rédeas da própria vida e implementar
mudanças:
- Invista em si, no autoconhecimento
e identifique as mudanças de que precisa. Lembre-se de que nada na sua vida mudará na medida em que não estiver disponível para
mudar.
- Recorra à psicoterapia. Um psicólogo ajudá-lo-á a desenvolver as competências
sociais que lhe permitirão (re)construir laços afetivos.
- Seja proativo. Passar a vida a
queixar-se não o levará a lado nenhum. Inscreva-se num curso, faça
voluntariado, SAIA DE CASA.
- Mostre interesse genuíno pela vida das pessoas que estão
à sua volta. Dar o melhor de si é a melhor forma de semear (e colher) afeto.
Sentir-se-á infinitamente mais seguro e amparado na medida em que for capaz de
ser altruísta.