Recebo com muita frequência pedidos de ajuda de pessoas que, por esta ou por aquela razão, não conseguem ver-se livres de determinados pensamentos. Nalguns casos, os pensamentos estão relacionados com alguma coisa que pode vir a correr mal; noutros, a fixação está relacionada com algo que já aconteceu e que a pessoa procura ultrapassar; e há ainda os pensamentos obsessivos que estão associados a determinadas compulsões, como acontece no caso das perturbações de comportamento alimentar, por exemplo.
Todas estas situações têm um elemento em comum:
A ANSIEDADE.
A ansiedade funciona como
alimento para estes pensamentos negativos, transformando-os em ciclos viciosos
altamente incapacitantes. O pior de tudo é que quando a pessoa se esforça para
“apagar” estes pensamentos, eles parecem assumir uma força ainda maior,
trazendo desespero e sensação de impotência.
O que há a fazer?
Antes de mais, compete à “vítima”
destes pensamentos obsessivos aceitar
que esta é uma espécie de “partida” que o seu cérebro está a tentar pregar. Na
prática, trata-se de aceitar que estes pensamentos existam mas atribuindo-lhes
a dimensão de crenças irracionais – que têm força, sim, mas que podem deixar de
ser alimentadas. As crenças irracionais são pensamentos que têm o poder de nos
bloquear mas que não correspondem à realidade. Precisam, por isso, de ser
substituídos por outros pensamentos, mais agradáveis, mais realistas.
Nesse processo, é importante treinar os pensamentos positivos,
especialmente nos momentos em que os pensamentos negativos teimam em não sair
de cena. Nessas ocasiões pode ser terapêutico substituir os pensamentos
obsessivos por aquela viagem que estamos a planear fazer. Tentar visualizar o
cenário, imaginar como será, sentir a atmosfera. Ou então lembrarmo-nos de um
momento agradável vivido recentemente. E reviver o que sentimos. Voltar a ouvir
interiormente as gargalhadas que ecoaram naqueles instantes. Em suma, é preciso
distrair o próprio cérebro e
impedi-lo de pregar mais uma das suas partidas.
É claro que nada disto é fácil ou
imediato. É preciso treino e, na maior parte dos casos, acompanhamento
psicoterapêutico. Mas é possível reverter os níveis de ansiedade associados a
estas obsessões. E há mais boas notícias: a prática de meditação e de Yoga podem
ajudar.