Os números são claros: um em cada dois casamentos acaba em divórcio. Ainda assim, a esmagadora maioria dos portugueses continua a ambicionar viver um casamento feliz e duradouro, se possível como nos livros e nos filmes: para sempre. O que é que está por detrás desse sonho?
O que é que é preciso HOJE
para que um casamento perdure
(e os membros do casal continuem felizes)?
Antes de mais, PERSEVERANÇA e ESFORÇO. Nenhum casamento será bem-sucedido em piloto automático –
haverá alguma coisa na vida que funcione assim? À medida que o tempo passa, é
preciso continuar a fazer frente aos problemas, resolvendo-os ou, pelo menos,
tentando geri-los.
A CONFIANÇA e a HONESTIDADE
são outros ingredientes essenciais. É na medida em que confiarmos no nosso
cônjuge, na medida em que estivermos seguros de que ele(a) estará sempre “lá”
para nós, que continuaremos motivados para dar o nosso melhor, resistindo com
energia às adversidades (que fazem parte de TODOS os casamentos).
Numa sociedade em que na maior
parte das famílias ambos trabalham fora de casa, perseguindo o sucesso
profissional, o APOIO MÚTUO é
fundamental. É preciso que cada pessoa vibre com as conquistas do seu cônjuge
tanto quanto vibraria com as suas. E que se disponha a apoiá-lo nos momentos
mais difíceis, a dar colo (e não apenas sermões) nos momentos de fracasso.
Não sendo essencial que os
membros do casal gostem das mesmas coisas, é muito importante que haja alguns INTERESSES EM COMUM, e, sobretudo, que
haja PARTILHA DE VALORES. É nessa
medida que, mais provavelmente, os membros do casal se sentirão em sintonia na
maior parte do tempo (sempre é utópico). Do mesmo modo, é muito importante que,
ao longo do tempo, cultivem AMIZADES EM
COMUM. Claro que cada um poderá manter amigos individualmente mas os
“amigos do casal” ajudá-los-ão a criar uma identidade enquanto casal,
fortalecendo os laços.
Como um casamento é, acima de
tudo, uma relação de COMPROMISSO, é
fundamental APRENDER A CEDER. Nenhuma
relação amorosa resistiria se pelo menos um dos membros do casal insistisse em
levar sempre a sua vontade adiante. Mas atenção: os processos de negociação não
são sempre pacíficos, pelo que a maturidade no casamento deve implicar a
aceitação de que o CONFLITO É NORMAL.
A evitação das discussões pode ser, de resto, meio caminho para o abaixamento
significativo (ainda que gradual) dos níveis de intimidade emocional e
consequente deterioração da relação. Sempre que os membros do casal acumulam
raiva e desapontamento – em vez de exteriorizarem estas emoções de forma
estruturada – cresce o fosso, bem como a probabilidade de um dia acordarem ao
lado de alguém com quem já não faz sentido construir o que quer que seja.
Mas se o conflito faz parte dos
casamentos felizes e duradouros, é preciso DEFINIR
LIMITES nas discussões. A VIOLÊNCIA
FÍSICA OU EMOCIONAL É PROIBIDA, pelo que compete aos membros do casal
identificarem, ao longo do tempo, de forma clara as palavras que jamais podem ser
proferidas, os gestos que não são admissíveis e, claro, as estratégias que lhes
permitem travar a escalada de agressividade. Esta aprendizagem impedi-los-á de
cometer erros fatais.
Pontualmente surgirão discussões
mais intensas. Pontualmente sentir-se-ão perdidos. Mas é essencial que, a cada
discussão, sejam feitos todos os esforços para que os membros do casal NÃO VÃO DORMIR AMUADOS OU ZANGADOS.
Esse padrão conduzi-los-ia a prolongados ressentimentos e à tão pouco desejada
sensação de distanciamento emocional (desconexão).
Clichés à parte, a verdade é que
os membros do casal devem mesmo ser OS
MELHORES AMIGOS um do outro. Afinal, os melhores amigos não são mais do que
aqueles com quem queremos estar mais do que com qualquer outra pessoa. E o
nosso cônjuge tem de ser o nosso maior aliado, aquele em quem confiamos porque
sabemos que não nos mentiria, independentemente do assunto em questão.
Não estou de acordo com o
conceito de almas gémeas. De resto, O
NOSSO CÔNJUGE NÃO NOS COMPLETA. Cada um de nós é responsável pelo seu
próprio percurso, pela perseguição dos seus próprios objetivos. Mas é muito bom
termos alguém com quem possamos contar; alguém com quem possamos partilhar
sentimentos de vulnerabilidade, desilusão ou até inadequação, alguém que nos dê
uma perspetiva diferente, que nos dê ideias novas.
Nos casamentos mais felizes e
duradouros os membros do casal CONHECEM-SE
MESMO MUITO BEM. Estão lá nos bons e nos maus momentos e, por isso,
conhecem aquilo que o cônjuge tem de melhor mas também sentem na pele, como
mais ninguém, os efeitos dos seus pontos fracos. Sabem exatamente como magoar o
outro (e às vezes fazem-no). Mas também sabem o que fazer para lidar com os
defeitos a que os outros normalmente não acedem.
Estão juntos na alegria e na tristeza, na saúde e na doença.
E querem continuar juntos.