Mais vezes do que se possa pensar, um dos membros do casal opta por pedir um afastamento temporário ao cônjuge. Desengane-se quem considere que isto só acontece em relacionamentos curtos ou pouco sérios. Em sede de terapia, por exemplo, fui várias vezes confrontada com relatos desta natureza envolvendo casais que estavam juntos há muito tempo.
Nalguns desses casos
o pedido surgiu
inusitadamente pouco
tempo antes…
da data do casamento ou de os
membros do casal
passarem a viver juntos.
Isto é, o retraimento surge
algumas vezes precisamente quando, aos olhos do cônjuge, tudo estava bem e a
relação estaria pronta para avançar para um nível mais sério.
E agora, o que é que eu faço?
Espero?
Faço um ultimato?
Termino a relação?
– Interrogar-se-á a
pessoa que é confrontada com este pedido.
Como é expectável, este é um duro
golpe na autoestima e nas expetativas de quem estava capaz de projetar o seu
futuro ao lado daquela pessoa. Em muitos dos casos a que tenho acedido, mesmo
quando a pessoa opta por esperar e a relação é relatada, a mágoa pode perdurar. Nalguns desses casos, essa mágoa é uma
espécie de veneno que acaba por corroer a relação ao longo do tempo.
É ou não possível recuperar uma
relação depois de uma das pessoas pedir um tempo?
ão há, naturalmente, uma
resposta universal para esta questão, na medida em que só a pessoa que pede um
tempo é que sabe o que se passa na sua cabeça. É verdade que se pode especular,
sobretudo se forem conhecidos alguns dados acerca da relação. O próprio cônjuge
pode especular. Mas os motivos por detrás desta decisão têm mesmo de ser
claramente conversados a dois. E às vezes a três, em sede de terapia de casal.
Não é fácil continuar numa relação
depois de se ter enfrentado uma rejeição.
Não é mesmo nada fácil, para a
pessoa que foi surpreendida com este pedido, arriscar um futuro com alguém que,
mais cedo ou mais tarde, pode voltar a hesitar. É por isso que, independentemente
dos tais motivos, a pessoa rejeitada precisa de refletir sobre aquilo que sente
– até que ponto é que o seu amor é capaz de resistir a este embate? Uma
resposta ponderada é essencial para as decisões que se seguem.