Uma das preocupações de qualquer
pai ou mãe diz respeito às (más) influências a que os filhos estão expostos. E
ainda que diariamente deem o seu melhor no sentido de transmitirem os valores
essenciais e a importância de algumas escolhas, quase todos reconhecem que há estímulos e ameaças a mais e que os
sermões e palestras são manifestamente insuficientes.
Bem mais importante do que
repreender/ censurar determinados comportamentos, será tentar dotar as crianças
de algumas competências sociais que lhes permitam fazer escolhas inteligentes e
afastar-se de comportamentos de risco. Isso passa, por exemplo, por ajudá-las a
definir limites e a dizer “Não” a potenciais ameaças. Ao ensiná-las a ser mais
assertivas, os pais estarão a promover a sua autoconfiança, a ajudá-las a
sentir-se suficientemente seguras para serem capazes de se afirmar, por
exemplo, perante o grupo de pares.
E há um manancial de situações
por onde os pais podem começar a treinar a assertividade dos filhos, chamando a
atenção para a importância das “boas” escolhas:
- Alimentação
saudável / Alimentação fast food.
- Ser
simpático com os colegas / Desprezá-los.
- Seguir
as regras / Desrespeitá-las.
- Acabar
os trabalhos de casa a tempo / Deixar a tarefa a meio.
- Dizer a
verdade / Mentir.
- Ouvir os
professores / Conversar enquanto os professores falam.
Como é que isso se faz?
1 - Ajudando-as a refletir sobre as consequências de cada escolha
antes de responderem a uma solicitação e ajudando-as a identificar diferentes
formas de dizer “Não” a situações potencialmente perigosas. Para isso, é
fundamental que a própria criança seja incentivada a identificar situações em
que já tenha sido “aliciada” para fazer algo que, na verdade, não queria fazer
ou que, pelo menos, saiba que não deveria fazer como:
- Gozar
com um colega.
- Fumar.
- Roubar.
- Beber
álcool.
- Infringir
regras parentais/ escolares.
2 - Depois é preciso ajudar a criança a reconhecer o seu próprio
desconforto perante determinados pedidos/ propostas de colegas e amigos,
explicando a importância de PARAR PARA
PENSAR NAS CONSEQUÊNCIAS do “Sim”.
3 - Importa mostrar como é que a
criança pode assumir uma postura assertiva que a afaste dos problemas. Por
exemplo, no caso de ser desafiada a gozar com um colega, a criança poderia
olhar diretamente para o(a) colega (estabelecer contacto visual) e dizer, de
forma firme, “Eu não vou fazer isso”. Mas não basta explicar como é que se faz.
Na verdade, o treino de competências é mais eficaz quando a criança é desafiada
a “representar” uma ou mais situações. Aquilo a que em Psicologia se chama “role playing”, e que não é mais do que a
encenação de algumas situações que nos aproximem da realidade, é uma ajuda
fundamental para que crianças e adultos treinem comportamentos novos.
4 – Na medida em que a criança
conhecer diversas formas de dizer “Não”, sentir-se-á mais capaz de reagir a
situações de pressão social. E existem, de facto, muitas formas diferentes de o
fazer:
- Dizer
“Não” ou “Não, obrigado” tantas vezes quanto for necessário (Não, não te posso emprestar dinheiro
porque o que tenho é para o meu almoço; Não, obrigado, eu não fumo).
- Chamar
os bois pelos nomes :) (Isso é
roubar e eu não alinho nisso).
- Falar
sobre/ fazer outras coisas (Viste o
jogo ontem?; Vamos antes andar de bicicleta).
- Fazer
perguntas (O que é que me estás a
pedir para fazer? Porque é que eu haveria de fazer isso? Qual é o teu
problema?).
- Justificar
(Eu não quero meter-me em problemas;
Eu penso de maneira diferente; Se eu fizesse uma coisa dessas ia sentir-me
mal).
- Usar o
humor (Deves estar a gozar… Se eu
bebesse essa cerveja ia estragar o meu corpinho; Claro… começo a fumar,
sou apanhado e os meus pais põem-me de castigo por 10 anos, o que é tudo o
que eu preciso).
E se nada resultar e os “amigos”
continuarem a insistir, é importante que a criança aprenda a IGNORÁ-LOS e que
se afaste.
Se os pais forem capazes de
antecipar algumas das situações potencialmente perigosas a que a generalidade
das crianças são expostas e/ou partirem de exemplos que os filhos viveram
recentemente, a probabilidade de sucesso aumenta substancialmente. Por outro
lado, se os pais tentarem passar a mensagem ao mesmo tempo que falhem em ser
eles próprios assertivos, a probabilidade de sucesso decresce drasticamente.