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22.4.13

ENSINAR AS CRIANÇAS A DIZER NÃO


Uma das preocupações de qualquer pai ou mãe diz respeito às (más) influências a que os filhos estão expostos. E ainda que diariamente deem o seu melhor no sentido de transmitirem os valores essenciais e a importância de algumas escolhas, quase todos reconhecem que há estímulos e ameaças a mais e que os sermões e palestras são manifestamente insuficientes.

Bem mais importante do que repreender/ censurar determinados comportamentos, será tentar dotar as crianças de algumas competências sociais que lhes permitam fazer escolhas inteligentes e afastar-se de comportamentos de risco. Isso passa, por exemplo, por ajudá-las a definir limites e a dizer “Não” a potenciais ameaças. Ao ensiná-las a ser mais assertivas, os pais estarão a promover a sua autoconfiança, a ajudá-las a sentir-se suficientemente seguras para serem capazes de se afirmar, por exemplo, perante o grupo de pares.

E há um manancial de situações por onde os pais podem começar a treinar a assertividade dos filhos, chamando a atenção para a importância das “boas” escolhas:

  • Alimentação saudável / Alimentação fast food.
  • Ser simpático com os colegas / Desprezá-los.
  • Seguir as regras / Desrespeitá-las.
  • Acabar os trabalhos de casa a tempo / Deixar a tarefa a meio.
  • Dizer a verdade / Mentir.
  • Ouvir os professores / Conversar enquanto os professores falam.

Como é que isso se faz?

1 - Ajudando-as a refletir sobre as consequências de cada escolha antes de responderem a uma solicitação e ajudando-as a identificar diferentes formas de dizer “Não” a situações potencialmente perigosas. Para isso, é fundamental que a própria criança seja incentivada a identificar situações em que já tenha sido “aliciada” para fazer algo que, na verdade, não queria fazer ou que, pelo menos, saiba que não deveria fazer como:

  • Gozar com um colega.
  • Fumar.
  • Roubar.
  • Beber álcool.
  • Infringir regras parentais/ escolares.

2 - Depois é preciso ajudar a criança a reconhecer o seu próprio desconforto perante determinados pedidos/ propostas de colegas e amigos, explicando a importância de PARAR  PARA PENSAR NAS CONSEQUÊNCIAS  do “Sim”.

3 - Importa mostrar como é que a criança pode assumir uma postura assertiva que a afaste dos problemas. Por exemplo, no caso de ser desafiada a gozar com um colega, a criança poderia olhar diretamente para o(a) colega (estabelecer contacto visual) e dizer, de forma firme, “Eu não vou fazer isso”. Mas não basta explicar como é que se faz. Na verdade, o treino de competências é mais eficaz quando a criança é desafiada a “representar” uma ou mais situações. Aquilo a que em Psicologia se chama “role playing”, e que não é mais do que a encenação de algumas situações que nos aproximem da realidade, é uma ajuda fundamental para que crianças e adultos treinem comportamentos novos.

4 – Na medida em que a criança conhecer diversas formas de dizer “Não”, sentir-se-á mais capaz de reagir a situações de pressão social. E existem, de facto, muitas formas diferentes de o fazer:

  • Dizer “Não” ou “Não, obrigado” tantas vezes quanto for necessário (Não, não te posso emprestar dinheiro porque o que tenho é para o meu almoço; Não, obrigado, eu não fumo).
  • Chamar os bois pelos nomes :) (Isso é roubar e eu não alinho nisso).
  • Falar sobre/ fazer outras coisas (Viste o jogo ontem?; Vamos antes andar de bicicleta).
  • Fazer perguntas (O que é que me estás a pedir para fazer? Porque é que eu haveria de fazer isso? Qual é o teu problema?).
  • Justificar (Eu não quero meter-me em problemas; Eu penso de maneira diferente; Se eu fizesse uma coisa dessas ia sentir-me mal).
  • Usar o humor (Deves estar a gozar… Se eu bebesse essa cerveja ia estragar o meu corpinho; Claro… começo a fumar, sou apanhado e os meus pais põem-me de castigo por 10 anos, o que é tudo o que eu preciso).

E se nada resultar e os “amigos” continuarem a insistir, é importante que a criança aprenda a IGNORÁ-LOS e que se afaste.

Se os pais forem capazes de antecipar algumas das situações potencialmente perigosas a que a generalidade das crianças são expostas e/ou partirem de exemplos que os filhos viveram recentemente, a probabilidade de sucesso aumenta substancialmente. Por outro lado, se os pais tentarem passar a mensagem ao mesmo tempo que falhem em ser eles próprios assertivos, a probabilidade de sucesso decresce drasticamente.

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